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PARCERIA SOLIDÁRIA

Nossa Loja Xapuri é 100% Solidária porque, do valor de cada compra sua, nós compartilhamos 5% com:

Povo Indígena Krenak

Metade dos recursos que, com a sua ajuda, conseguimos disponibilizar para as doações, são repassados ao grande líder indígena Ailton Krenak, para que ele possa ajudar seu povo, os Krenak, uma comunidade de 120 famílias que vive no município de Resplendor, entre as montanhas de Minas Gerais. Duramente massacrado no período da ditadura militar (1964- 1985), o povo Krenak voltou a passar por um grande sofrimento no ano de 2015, dessa vez pela lama tóxica da Samarco que, com o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, matou o rio Doce, que era de onde vinha sua principal fonte de vida e sustento.

Comitê Chico Mendes

A outra metade da nossa cota de responsabilidade social é repassada, também mensalmente, ao Comitê Chico Mendes que, desde o assassinato do grande líder seringueiro, Chico Mendes, pelas balas do latifúndio, em 22 de dezembro de 1988, até os dias de hoje, continua na luta em defesa da floresta amazônica e dos povos que nela vivem. Os repasses são feitos à Ângela Mendes, filha do Chico, para que ela, desde Rio Branco, no Acre, possa aplicá-los nos programas do Comitê, em especial em suas ações de formação da juventude da floresta.

Nossos repasses são feitos até o dia 10 do mês subseqüente à venda das camisetas. O balanço das doações encontra-se registrado em nossa contabilidade mensal e, a partir de 2019, em nosso balanço contábil anual.

Caso você queira conhecê-lo, ou tenha interesse em fazer uma doação para qualquer uma dessas duas entidades, por gentileza entre em contato conosco pelo e-mail: contato@xapuri.info.

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Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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