PRIVATIZAÇÃO: PROMESSA DE EFICIÊNCIA OU MALDIÇÃO PARA O POVO?

PRIVATIZAÇÃO: PROMESSA DE EFICIÊNCIA OU MALDIÇÃO PARA O POVO?

Privatização: promessa de eficiência ou maldição para o povo?

A promessa da privatização sempre foi a de proporcionar maior eficiência e melhoria nos serviços públicos. No entanto, ao analisar os casos da Viamobilidade, Enel e Águas do Rio, fica evidente que a realidade é bastante diferente.

Por Helena Crestan/Mídia Ninja

Essas empresas, ao assumirem o controle de setores cruciais como transporte, energia e saneamento, trouxeram não apenas aumentos tarifários, mas também uma queda significativa na qualidade dos serviços prestados. O que inicialmente parecia ser um sonho de modernização transformou-se em um pesadelo diário para os cidadãos. 

Viamobilidade e o Caos nos Trilhos 

A Viamobilidade, empresa responsável por parte do transporte público em São Paulo, comprometeu-se a revolucionar o sistema ferroviário urbano. Entretanto, o que se observou foi o aumento nos atrasos, falhas técnicas frequentes e estações superlotadas. Os usuários, que dependem desse serviço para suas atividades diárias, têm sido constantemente prejudicados. Nesse caso, a privatização não trouxe a esperada eficiência, mas resultou em uma deterioração significativa na qualidade do  transporte público. 

Enel: A Escuridão de um Serviço Privado 

No setor energético, a Enel, que assumiu a distribuição de energia em diversas regiões do Brasil, também tem sido alvo de inúmeras críticas. A empresa é constantemente  mencionada em reclamações dos consumidores devido à má qualidade do serviço, caracterizada por quedas de energia frequentes e demora no restabelecimento do fornecimento. Além disso, as tarifas aumentaram significativamente, penalizando ainda mais os cidadãos. A promessa de um serviço melhor e mais acessível mostrou se ilusória, deixando a população à mercê de apagões e elevadas contas de luz. 

Águas do Rio: Água Cara e Ineficiente 

A privatização dos serviços de saneamento, sob a gestão da Águas do Rio, também revelou seu lado negativo. O acesso à água, um direito básico, tornou-se um luxo para muitos. Com tarifas elevadas e interrupções constantes no abastecimento, a população enfrenta a incerteza em relação a um serviço que deveria ser básico e universal. A privatização, em vez de garantir eficiência e qualidade, trouxe insegurança e altos custos para a população.

Os Números da Desilusão 

Os dados não mentem. Desde a privatização, as tarifas de transporte, energia e água aumentaram em média 30%. As reclamações registradas em órgãos de defesa do consumidor cresceram em 50%, evidenciando a insatisfação geral com a qualidade dos serviços prestados. Esses números demonstram que, ao invés de trazer benefícios, a privatização tem se mostrado uma verdadeira maldição para os cidadãos. 

Uma Reflexão Necessária 

É essencial refletir sobre o impacto real da privatização de serviços públicos  essenciais. O que se observa é um padrão de aumento de tarifas, queda na qualidade dos serviços e uma população insatisfeita e prejudicada. A lógica de mercado aplicada a setores fundamentais falha ao ignorar que transporte, energia e água são direitos, e não meros produtos. Longe de ser a solução milagrosa prometida, a privatização tem se revelado uma maldição para o povo, que paga caro por serviços ineficientes e desumanos. 

A Luta Continua 

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p style=”text-align: justify;”>A batalha contra a privatização precisa ser intensificada. É necessário exigir que os  serviços públicos essenciais permaneçam sob controle estatal, garantindo acesso  universal e de qualidade para todos. A luta não é apenas por tarifas justas, mas por dignidade e respeito aos direitos básicos de cada cidadão. Que a voz do povo se erga contra a privatização e suas consequências negativas, clamando por justiça e eficiência nos serviços públicos.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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