Reflexões sobre ecologia

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Reflexões sobre

Ecologia é um conceito moderno que reflete a ideia da unidade na criação. Ouvimos falar muito de ecologia nos dias que correm, em termos de poluição, da de várias espécies de vida selvagem, da possibilidade de a vida continuar existindo na Terra.

A ecologia considera todos os sistemas viventes como interdependentes. Um organismo depende da contribuição do outro e vice-versa. Assim, a vida animal precisa de oxigênio e desprende dióxido de carbono, a vida vegetal precisa de dióxido de carbono e desprende oxigênio. A ecologia também afirma que os vários sistemas de vida estão interligados: se alteramos um único elemento, alteramos todo o conjunto, dando a uma reação em cadeia.

Estamos compreendendo as implicações desse princípio ecológico fundamental um pouco tarde. Por exemplo, matamos com aerosol insetos que nos incomodam. O produto químico penetra no solo e envenena a cadeia alimentar. Sem esses insetos, outros se reproduzirão além da ordem natural, enquanto certos pássaros, privados de alimento, perecerão. Com menos pássaros para levar as sementes para outros cantos do país a polinização fica ameaçada e menos se reproduzirão.

As colheitas são afetadas e os agricultores acrescentam mais corretivos ao solo. A qualidade do solo vem a sofrer e as árvores deixam de nascer. Com menos árvores nas cercanias, mais casas ficam expostas ao sol e haverá mais necessidade de ar-condicionado. Quando o gás freon vasa dos aparelhos de ar-condicionado, sobe para a parte superior da atmosfera e destrói a camada de ozônio. Com a redução da camada de ozônio, uma quantidade maior da radiação nociva do Sol chega à Terra, tornando a vida mais insuportável.

E assim por diante. O sistema de vida do e todas as suas partes, interdependentes, funcionam como um todo. De acordo com o geoquímico James Lovelock, cujo Gaia: A New Look at Life on Earth teve grande influência nesse sentido, a Terra é uma entidade viva. Pensar em termos de ecologia é um bom começo para entender o conceito de unidade. É um enfoque especialmente bom, devido à sua conotação de respeito para com a Terra. A ideia da ecologia nos impele a sentir interesse e respeito por tudo que existe no planeta.

Obs.: publicado originalmente em10 de abr de 2015


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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