SEMENTES AO VENTO

SEMENTES AO VENTO

Sementes ao Vento

Salve, Gentes!

Sementes Romulo Andrade

Logo inicia a temporada de frutas do Cerrado e de outros biomas como goiaba, maracujá, melão, araticum, laranja, buriti, mamão, abacate, melancia, limão…

Nosso pedido pra todos é de não jogarem as sementes no lixo, mas lavar, secar e armazenar num saco de papel e guardar no carro. Toda vez que você sair e for ao campo, ou enquanto estiver viajando, lance essas sementes nos terrenos vazios à beira da estrada.

Se com este ato simples, podemos contribuir com no mínimo uma árvore frutífera a cada temporada, a nossa missão de tornar este mundo mais verde pode acontecer.

O governo tailandês promoveu essa ideia aos seus cidadãos nos últimos anos. Muitos de seus distritos conduziram essa campanha com firmeza e tiveram muito sucesso – o número de árvores frutíferas na natureza multiplicou-se, especialmente nos distritos do norte da Tailândia.

Os malaios se juntaram aos tailandeses nesta brilhante e simples iniciativa de espalhar abundância na natureza e desta forma generosa, mas eficaz contribuir com as futuras gerações.

Dica da Reserva Bacupari, Cavalcante/ Chapada dos VeadeirosCopiado do Facebook de Romulo Andrade. Desenho com fragmentos, asas, sementes de folhas de pacari por Romulo Andrade.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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