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Senador bolsonarista vai presidir CPI que investiga ONGs da Amazônia

Senador bolsonarista vai presidir CPI que investiga ONGs da Amazônia

Plínio Valério (PSDB), que há mais de quatro anos tenta instalar CPI, diz que objetivo é “abrir a Caixa de Pandora das ONGs”. Márcio Bittar (União Brasil) será relator da Comissão.

Por Cristiane Prizibisczki/ O Eco

Foi instalada nesta quarta-feira (14), no Senado, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que vai investigar a atuação e o recebimento de recursos de ONGs instaladas na Amazônia. Para o comando da CPI foi escolhido o senador Plínio Valério (PSDB-AM), proponente da CPI. A relatoria fica com o senador Márcio Bittar (União Brasil-AC).

Há cerca de quatro anos e meio, Valério tentava instaurar a CPI no Senado. Em muitas ocasiões, ele criticou a atuação das organizações do terceiro setor que possuem projetos na Amazônia. Segundo ele, as ONGs se utilizam da maior parte dos recursos recebidos em benefício próprio.

“Não vamos demonizar nenhuma ONG, não é esse o objetivo. Existem ONGs sérias e estas serão preservadas. O que vamos investigar são as denunciadas, que pegam dinheiro lá fora ou aqui mesmo no Brasil, não prestam contas e gastam entre si 85% do que arrecadam. Essas ONGs prestam um grande desserviço, principalmente à Amazônia”, disse o senador.

O objetivo da CPI, segundo ele, é abrir a “caixa preta” ligada ao financiamento de ONGs, inclusive com um escrutínio no Fundo Amazônia. No requerimento enviado à presidência do Senado com o pedido de abertura da CPI, Valério disse que outro alvo da comissão são os repasses do governo a ONGs que seriam “de fachada”.

“O país passou, com frequência cada vez maior, a conviver com denúncias da existência de ‘ONGs de fachada’, cujos reais propósitos seriam repassar recursos a Partidos ou mesmo a particulares. Também se avolumaram as suspeitas de que, mesmo sem receber verbas governamentais, ONGs se envolvem em atividades irregulares, inclusive a serviços de empresas com sede no exterior e interesses de potências estrangeiras”, disse o senador no documento.

Os projetos do Fundo Amazônia são auditados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) que, até sua paralisação, em 2019, não encontrou irregularidades nos projetos financiados pelo mecanismo. O Fundo foi recriado com a chegada de Lula ao Poder.

Quem é Plínio Valério 

Francisco Plínio Valério Tomaz é jornalista e radialista, com atuação no estado do Amazonas. Desde 2012 atua na política, tendo exercido os cargos de vereador em Manaus, Deputado Federal e Senador. Já passou pelos partidos PV, PTB, DEM e PSDB.

Valério é apoiador de Jair Bolsonaro, a favor do impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes e votou contra a intervenção federal após os atos antidemocráticos no Congresso, no início de janeiro de 2023.

Na área ambiental, se diz a favor da abertura da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) – a obra é considerada uma ameaça à floresta e aos povos originários de seu entorno –, defende que as ONGs querem “cercar” a Amazônia para poder explorá-la e que  indígenas foram “treinados” para tais organizações..

“[Os indígenas] sabem, têm consciência que o dinheiro arrecadado em nome deles não chega até eles, por isso eles têm ojeriza, têm raiva de ONGs, dessas ONGs, assim como eu também tenho”, disse o senador em entrevista.

Cristiane Prizibisczki – Jornalista. Fonte: O Eco. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado. Este artigo não representa a opinião da Revista e é de responsabilidade do autor.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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