Só sei que Mangueira é um céu estrelado

Só sei que Mangueira é um céu estrelado
Mangueira: -Enredo 2022
Angenor, José & Laurindo 
Só sei que Mangueira é um céu estrelado
Não é brincadeira, sou apaixonado
A Estação Primeira relembra o passado
Valei-me, Cartola, Jamelão e Delegado
Só sei que Mangueira é um céu estrelado
Não é brincadeira, sou apaixonado
A Estação Primeira relembra o passado
Valei-me, Cartola, Jamelão e Delegado
Mangueira, teu cenário é
e autonomia
Que o negro conquistou, oh
Mangueira, a alvorada anuncia
O , a dinastia
A sabedoria se chama Angenor
Nesse solo o samba ecoou
Tem cantor, mestre-sala e compositor
Lustrando sapato, vendendo jornal
Chapéu de pedreiro no mesmo quintal
Três iluminados reis do
As rosas não falam, mas são de Mangueira
Eu vi seu Laurindo beijando a bandeira
José Clementino na flor da idade
O Sol colorindo a minha saudade
As rosas não falam, mas são de Mangueira
Eu vi seu Laurindo beijando a bandeira
José Clementino na flor da idade
O Sol colorindo a minha saudade
É verde e rosa a inspiração
A devoção por toda nossa raiz
Quem traz a cor dessa nação
Sabe que o morro é um país
A voz do meu terreiro imortaliza o samba
E quem guardou com o nosso pavilhão
Tem aos seus pés a nossa gratidão
Só sei que Mangueira é um céu estrelado
Não é brincadeira, sou apaixonado
A Estação Primeira relembra o passado
Valei-me, Cartola, Jamelão e Delegado
Só sei que Mangueira é um céu estrelado
Não é brincadeira, sou apaixonado
A Estação Primeira relembra o passado
Valei-me, Cartola, Jamelão e Delegado
Mangueira, teu cenário é poesia
Liberdade e autonomia
Que o negro conquistou, oh
Mangueira, a alvorada anuncia
O legado, a dinastia
A sabedoria se chama Angenor
Nesse solo sagrado o samba ecoou
Tem cantor, mestre-sala e compositor
Lustrando sapato, vendendo jornal
Chapéu de pedreiro no mesmo quintal
Três iluminados reis do carnaval
As rosas não falam, mas são de Mangueira
Eu vi seu Laurindo beijando a bandeira
José Clementino na flor da idade
O Sol colorindo a minha saudade
As rosas não falam, mas são de Mangueira
Eu vi seu Laurindo beijando a bandeira
José Clementino na flor da idade
O Sol colorindo a minha saudade
É verde e rosa a inspiração
A devoção por toda nossa raiz
Quem traz a cor dessa nação
Sabe que o morro é um país
A voz do meu terreiro imortaliza o samba
E quem guardou com amor o nosso pavilhão
Tem aos seus pés a nossa gratidão
Só sei que Mangueira é um céu estrelado
Não é brincadeira, sou apaixonado
A Estação Primeira relembra o passado
Valei-me, Cartola, Jamelão e Delegado
Só sei que Mangueira é um céu estrelado
Não é brincadeira, sou apaixonado
A Estação Primeira relembra o passado
Valei-me, Cartola, Jamelão e Delegado
Só sei que Mangueira é um céu estrelado
Não é brincadeira, sou apaixonado
A Estação Primeira relembra o passado
Valei-me, Cartola, Jamelão e Delegado
(Mangueira, Mangueira, Mangueira, Estação Primeira!)
(Minha Mangueira!)

Composição: Bruno Souza / Leandro Almeida / Moacyr Luz / Colaboração e revisão: Sandro Lima Carolline Miranda


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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