Stuart, presente!
A foto de meu irmão, Stuart Edgar Angel Jones, no telão do show magnífico de despedida da carreira de Gilberto Gil, quando ele canta Cálice, composta em parceria com Chico Buarque
Por Hildegard Angel
Meu irmão é aquele jovem torturado na Base Aérea do RJ, pelo Brigadeiro Burnier, e morreu “cheirando fumaça de óleo diesel”, como diz a canção, arrastado no pátio do Galeão, esfolado vivo, amarrado ao pára-choque do jipe verde-oliva, a boca no cano de descarga.
Stuart, o Tuti, morreu asfixiado, na cela, pedindo “água, água”, os pulmões reduzidos a carvão. Os monstros PhDs em maldade eram ensinados a matar por “mestres” da CIA.
Assim, partiram centenas, milhares, talvez, pois muito foi omitido. Os mais preparados daquela geração, idealistas heróicos, que se jogaram numa resistência impossível, como atiradeira x canhões, determinados a dar suas vidas “para salvar o Brasil”.
Grata infinitamente ao Gil, ao Chico e a todos os artistas que não deixam o Brasil esquecer o cálice de sangue frescoda juventude brasileira sugado pela tropa de vampiros.
Vinte e um anos de mentiras, retrocesso, medo, índices falsificados, bolsos cheios, intimidação, eliminação de vidas e sonhos. Os Dráculas de quepe saíram anistiados, soldos triplicados, rindo seus dentes pontudos, confiantes na lei do silêncio eterno de sua omertà. Contudo o Cale-se começou a falar…
Espero viver para encontrar o corpo de meu irmão. Ainda estou aqui na procura.
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p style=”text-align: justify;”>Hildegard Angel – Jornalista