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Vou deseleger o Marquês de Pombal

Vou deseleger o Marquês de Pombal –

Por Marconi Burum – 

Esse ano não tem pra ninguém:
Vou vencer a eleição.
Decidi mudar a situação.
Já não quero mais votar em vão.
Sempre voto no Marquês de Pombal.
Sim. Ele se foi faz uns séculos,
Mas deixou sua prole do mal
Eternamente no Poder do Brasil,
Ampliando o abismo de um País desigual.
Todo Senador coronel,
Ou Deputado mentiroso com lábios de mel,
Do interior, ou da capital,
Fica cinco ou seis mandatos
E passa para o filho o seu chapéu.
E o povo vota sempre nos mesmos
E nunca ganha o troféu.
Povo não sabe perguntar:
Qual é seu projeto, moço?
Quero saber de todo alvoroço
Que o senhor causou no Parlamento,
Ou se do alimento, só o caroço
Sobrará para todos nós no almoço…
E nem janta teremos ao sustento!
Lá no Congresso Nacional tem gente.
Salientes que repetimos toda hora.
Gente igual a gente que faz
Cartaz de seus atos indecentes.
Eles traem o trabalhador e o indigente.
E repetimo-los, sempre no voto demente!
Pombas!
Pombal cumpriu sua missão:
Reformas Pombalinas do século XVIII
Garantiam a Colonização,
A escravidão do negros e trabalhadores;
O assassinato dos índios e mendigos;
A manutenção do Estado institucional,
Da família tradicional
E da dor do pobre abandonado.
E tudo quer continuar no mesmo estado!
O Marquês de Pombal hoje
É o Presidente do Senado…

E seus aliados!
O Presidente da Câmara…
E outros desgraçados!
Mas é cada político que
Tu,
Eu
Sem analisar a História,
Devolvemos-lhes a vitória
Para o mal eles fazerem,
Seja na oratória,
Seja na Reforma Trabalhista
E todo ato vigarista
Que retira os direitos da gente
E da diarista,
Que sente,
Que sofre, também!
Esse ano vou deseleger
O eterno eleito grudado no Congresso:
O Marquês de Pombal,
Seu filho boçal,
E expresso que meu voto
Será em quem tem projeto legal
Que transforme o Brasil
Num País mais igual,
Num País para todos,
Num País justo e sensacional.
Fora, Pombal!
Fora, Pombais!

Pombal 1

 

ANOTE AÍ:

Marconi M L Burum. Professor, Escritor, Sonhante, é graduado em Letras pela
UnB, pós-graduado em Direito Público pela Faculdade Damásio de Jesus, foi Secretário
Municipal de Educação e Cultura em Cidade Ocidental, na região do Entorno de
Brasília, hoje serve à sociedade trabalhando na Universidade Estadual de Goiás (UEG).

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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