As Ligas Camponesas, organizações de trabalhadores e trabalhadoras rurais formadas pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) em defesa da Reforma Agrária, começaram a acontecer no campo brasileiro por volta do ano de 1945. Abafadas depois da queda de Getúlio Vargas (outubro 1945), as Ligas ressurgiram em 1955, no Engenho Galileia, em Vitória de Santo Antão, no estado de Pernambuco.
Foi a partir do Engenho Galileia, uma comunidade de 104 famílias que, em 1º de janeiro de 1955, as Ligas Camponesas voltaram a agir e passaram a atuar nas lutas do campo por 9 anos seguidos, até serem extintas pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Naquele período, a capacidade de mobilização das Ligas foi tanta que preocupou o governo Kennedy nos Estados Unidos. O historiador Arthur Schlesinger, aliado de Kennedy, foi enviado ao Nordeste para monitorar o movimento.
As Ligas Camponesas conseguiram ampliar o espaço de conquista dos trabalhadores e trabalhadoras rurais brasileiras. Entre em 1955 e 1964, várias foram as conquistas sociais no campo provocadas pela mobilização das Ligas, dentre elas: a desapropriação das terras do Engenho Galileia (1959 – 1º Ato de Reforma Agrária no Brasil pós-II Guerra Mundial), o Estatuto do Trabalhador Rural (1963) e o Estatuto da Terra (1964 – promulgado em novembro, mesmo depois do Golpe).
Embora não tenha sido seu criador, foi o deputado estadual e advogado pernambucano Francisco Julião (1915-1999), junto com o líder Gregório Bezerra (1900-1983), quem deu relevância política às Ligas Camponesas. Foi Julião quem criou o nome Ligas Camponesas e é também de Julião a palavra de ordem do movimento: “Reforma Agrária na Lei ou na Marra”.