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Ou Brasil reduz agrotóxicos, ou Rússia não compra soja

Rússia manda Brasil reduzir agrotóxicos na soja. Caso contrário, deixa de comprar

Por Cida de Oliveira, da RBA

São Paulo – O Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia(Rosselkhoznadzor) anunciou no dia 31 de janeiro que poderá suspender a importação de soja brasileira. A medida se deve ao descumprimento pelos produtores brasileiros dos limites de agrotóxicos nos grãos estabelecidos pelas autoridades de saúde russas.

O órgão informou ainda que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) já foi comunicado de que deverá tomar providências urgentes. A Rússia é o quinto maior importador da soja brasileira, ficando atrás da China, Espanha, Holanda e Irã.

O anúncio cai como uma bomba sobre a pasta comandada pela ruralista Tereza Cristina (DEM-MS), a “musa do veneno”. O apelido foi dado por parlamentares devido aos esforços da então presidenta da comissão especial que aprovou o Pacote do Veneno, deixando-o pronto para votação no plenário da Câmara. O Pacote tem como objetivo facilitar ainda mais o registro, produção, comercialização e aplicação de agrotóxicos.

“Apesar de não ter conseguido aprovar o Pacote do Veneno, a ministra Tereza Cristina está usando o seu cargo para acelerar a entrada de agrotóxicos extremamente tóxicos no mercado brasileiro. Uma prova disso é que só em janeiro foram liberados 28 agrotóxicos e princípios ativos, entre eles, o Sulfoxaflor, que já foi banido nos Estados Unidos e agora só pode ser usado por lá em condições altamente controladas”, disse Marcos Pedlowski,  professor da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) e colaborador do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Universidade de Lisboa.

O lobby do veneno ganhou muito espaço no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Na última terça-feira (29), o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), William Dib, disse que a agência precisa analisar a segurança dos agrotóxicos, mas que o país também “não pode virar as costas ao agronegócio”.

Ao jornal Folha de S.Paulo, ele disse que “não podemos colocar em risco nem o consumidor nem o aplicador do agrotóxico. Mas também não podemos virar as costas. O Brasil hoje paga suas contas graças ao agronegócio, à exportação, a uma produção que, provavelmente, se retermos os agrotóxicos, não teríamos. Temos que fazer isso com bom senso e segurança”.

“Faz algum tempo que venho alertando para os riscos que as principais commodities brasileiras estão correndo de sofrer um boicote generalizado de seus principais parceiros comerciais, entre outras coisas pelo excesso de resíduos de agrotóxicos, que ultrapassam os limites estabelecidos em outras partes do planeta”, disse Pedlowski.

Para ele, outras medidas semelhantes deverão ser tomadas por outros países. “Se a Rússia que é mais permissiva com agrotóxicos sinaliza assim, a União Europeia será quase que forçada a seguir”.

Fonte: Rede Brasil Atual: Rússia manda Brasil reduzir agrotóxicos na soja. Caso contrário, deixa de comprar

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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