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Recado da Parada do Orgulho LGBT: “Não há volta ao armário”

Recado da Parada do Orgulho : “Não há volta ao armário”

Em 1ª Parada no governo Bolsonaro, LGBTs mandam o recado: não há ‘volta ao armário’

Manifestações contra o presidente se concentraram no início e no fim da parada. Maioria aproveitou o momento para reafirmar protagonismo LGBT e celebrar .

Na primeira Parada do Orgulho LGBT no governo Bolsonaro, a expectativa era grande sobre como os participantes se posicionariam em relação ao presidente, conhecido por seu histórico de declarações homofóbicas.
Apesar de não ser uma pauta da Parada em si, alguns grupos se mobilizaram para protestar contra Bolsonaro, especialmente no início e no fim da celebração.
Pela manhã, políticos e ativistas empunharam microfones para criticar o governo.
A ex-prefeita de e ex-senadora Marta Suplicy disse que essa era “a mais importante Parada da ”, porque representava “a luta contra todo o retrocesso civilizatório que tem se apresentado”.
Os deputados do Psol Sâmia Bomfim e David Miranda também discursaram – ela puxando uma vaia contra o presidente, Miranda, destacando a importância da Parada quando se tem “um presidente declaradamente homofóbico”.
No chão, apoiadores do ex-presidente estenderam uma grande faixa em frente ao Masp pedindo a do petista.
Já era noite quando, do carro de som, uma das drag queens convidadas puxou um coro de “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c.”
Mas a grande maioria dos participantes, e na maior parte do percurso da Parada, preferiu não fazer de Bolsonaro o centro do movimento. O recado geral do público LGBT foi claro: o protagonismo é deles, e não há mais volta para o armário.
Nos metros derradeiros da Avenida Consolação, próximo à Praça da República, onde termina oficialmente o evento, Rosi Mendes, lésbica, 26 anos, fez um balanço de sua primeira Parada.

 

Victor Gouvêa/Especial para o Huffpost  
“Só a quantidade de pessoas que estão aqui já é um ato significativo demais contra o governo”, disse Rosi Mendes, de 26 anos, que foi à sua primeira parada. 
“Achei completamente apaixonante. Percebi que, no clã LGBT, há muito respeito uns pelos outros, e me senti parte da comunidade”, diz. Para ela, a importância máxima do evento é para a própria comunidade entender que faz parte da e tem, sim, uma voz relevante.
″É um evento político porque é nossa chance de entrar no diálogo nacional”, afirmou. “Só a quantidade de pessoas que estão aqui já é um ato significativo demais contra o governo”.
 

Victor Gouvêa/Especial para o Huffpost Brasil 
“É uma vitória, juntos somos muito fortes”, disse Rosana Star, que se vestiu em a Elke Maravilha.

trans que se vestiu em homenagem a Elke Maravilha, Rosana Star, de 51 anos, foi na mesma linha: ”É uma vitória, juntos somos muito fortes”.

Ela diz ter se surpreendido com a quantidade de participantes em 2019, e estima que o número foi maior do que nas edições anteriores. A avaliação era recorrente ao longo do dia, entre quem já frequentou outras Paradas.

“Acho que aqui ainda tem muitos que votaram no Bolsonaro. Nas minhas postagens eu era agredida por LGBTs mesmo. Mas acredito que a gente vai conseguir reverter”, afirma Star. “O que a gente precisa agora é se organizar.”

GALERIA DE FOTOS 23ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo Veja Fotos

Fonte: HuffPost Brasil

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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