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Os bons ares de Cavalcante

Não tem jeito de perambular aqui pelas bandas da Chapada dos Veadeiros sem se encantar com Cavalcante, essa cidadezinha goiana com ares, costumes, gostos e sabores de antigamente.

É em Cavalcante que mora minha amiga Dora, a que chama biscoito de polvilho de “galho”.  O “galho” de Dora é a mesma “peta” do resto do Goiás, só que em Cavalcante se coloca semente de funcho na massa, e fica demais de bom.

Também não tem como passar por Cavalcante sem visitar pelo menos uma das mais de 100 cachoeiras espalhadas pela Chapada. Se o tempo for pouco, vale escolher as verdíssimas águas da Cachoeira de Santa Bárbara, localizada em uma comunidade quilombola Kalunga, a 20 e poucos quilômetros do centro da “vila”.

Meu neto Nilo, um quase-nativo de Cavalcante do tanto que gosta dali, sugere um passeio à Ponte da Pedra, na borda norte da Chapada, para ver o rio Domingos passar por um arco de pedra que parece uma ponte, a cerca de 30 metros de altura e dali, daquela garganta apertada, despencar 400 metros ladeira abaixo formando várias quedas e cachoeiras que escorrem pela serra.

Outra agenda imperdível são as festas religiosas de Cavalcante, em especial as romarias, que há mais de dois séculos ocorrem ao menos três vezes por ano, para homenagear Nossa Senhora da Abadia (agosto), Nossa Senhora do Livramento (setembro) e Santo Antônio (julho). As rezas acontecem sempre junto com muito forró, uma beleza!

COMO CHEGAR

Saindo de Brasília, o melhor é seguir rumo norte pela BR-020, até Planaltina de Goiás, e dali continuar viagem pela GO-118 até Alto Paraíso de Goiás e Teresina de Goiás. A partir de Teresina, segue-se pela GO-241. O trajeto é um pouco longo, cerca de 320 km, mas o ambiente acolhedor das muitas pousadas da região e os muitos atrativos de Cavalcante valem a pena!

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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