QUANDO NIBIRU MANDA LEMBRANÇAS

QUANDO NIBIRU MANDA LEMBRANÇAS

Quando Nibiru manda lembranças

Lá vem ele! O astro arrebatador Nibiru, também conhecido como Planeta X, a deslizar pelo espaço, pronto para se chocar com a Terra…
 
Por Maria Félix Fontele
 
Ele que já veio muitas vezes e nunca chegou. Que ainda não foi visto, pois viaja clandestino; espécie de fantasma a nos assombrar e a nos atrair para o fosso do invisível, e sabe-se lá o que existe nesse reino abismal.
 
Lá vem o corpo celeste como menino ladino, em ritmo de esconde-esconde. Um dia ficará cara a cara conosco? Milenaristas, teóricos da conspiração e religiosos afirmam diariamente que o fim está próximo. Até o papa teria dito: “Orem por Nibiru”. Esperamos pelo choque fatal em 2000, em 2012, em 2017 e em vários momentos da história. São tantos os avisos que ficamos especialistas na cantilena apocalíptica.
 
Lá vem o astro aceso e abrasador, sempre em tempos de crise aguda, a distrair a plebe rude, a elevar o olhar da humanidade para os céus, a provocar convulsões e conversões, enquanto os ricos barões ateus ou crentes de fachada se locupletam de lucro e não se importam com os filhos da miséria.
 
La vem o gigante cósmico, a trazer taças para brindar o momento derradeiro. Não basta o sofrimento constante, é preciso haver o último gole, o mais perverso de todos. Da penumbra, a cartilha mercantilista sugere que não é hora de se revoltar porque a queda é iminente.
 
Lá vem o arrebatador de almas a testar o nosso embotado conhecimento, o Nibiru mensageiro da catástrofe, o imobilizador de revoltas, o zombeteiro da fé.
 
Vem logo, Niburu, e incinera todos os belzebus encarnados!
 
Maria Félix Fontele – Jornalista. Do livro “O barulho, o silêncio e a solidão de Deus”, da penúltima parte: “Calma, o mundo ainda não acabou”. Capa: Revista Galileu. 
 
Você sabia?

A colisão com Nibiru é um suposto encontro catastrófico entre a Terra e um grande objeto planetário, que algumas pessoas acreditam que aconteceria no início do século XXI. Acreditando que este evento será o fim do mundo, eles geralmente se referem a esse objeto como Planeta X ou Nibiru . A ideia de que um objeto do tamanho de um planeta irá colidir com a Terra ou passar muito perto dela em um futuro próximo não tem nenhuma evidência científica e é tratada como pseudociência e um boato da internet por astrônomos e cientistas planetários.

V838 Mon HST
V838 Monocerotis, uma estrela variável acompanhada por um eco de luz, foi erroneamente retratada como um objeto planetário se aproximando em rota de colisão com a Terra.

A ideia foi apresentada pela primeira vez em 1995 por Nancy Lieder, fundadora do site ZetaTalk. Lieder se descreve como uma contatada com a capacidade de receber mensagens de extraterrestres do sistema estelar Zeta Reticuli através de um implante em seu cérebro.

Ela afirma que foi escolhida para alertar a humanidade sobre um objeto que iria varrer o interior do Sistema Solar em Maio de 2003 (embora essa data tenha sido posteriormente adiada), fazendo com que a Terra sofra uma mudança do polo físico que iria destruir a maior parte da humanidade.

A previsão posteriormente disseminou-se para além do site de Lieder e foi adotada por numerosos grupos apocalípticos da Internet, a maioria dos quais ligados ao Fenômeno 2012. Embora o nome “Nibiru” seja derivado das obras do antigo escritor astronauta Zecharia Sitchin e suas interpretações das mitologias babilônica e suméria, ele negou qualquer ligação entre seu trabalho e as várias reivindicações de um apocalipse.

A ideia da colisão com Nibiru originou-se com Nancy Lieder, uma residente do estado de Wisconsin (EUA) que alega que, quando menina, foi contatada por extraterrestres cinzas, chamados zetas, que implantaram um dispositivo de comunicação em seu cérebro.

Em 1995 ela fundou o site ZetaTalk para disseminar suas ideias. Lieder recebeu pela primeira vez a atenção do público em grupos de notícias da Internet, durante a preparação para o periélio de Hale-Bopp em 1997. Ela afirmou, alegando ter falado com os Zetas, que “o cometa Hale-Bopp não existe.

É uma fraude, cometida por aqueles que querem manter as grandes massas quiescentes até que seja tarde demais. O Hale-Bopp não é nada mais do que uma estrela distante, e não vai se aproximar mais”. Ela alegou que a história do Hale-Bopp foi criada para distrair as pessoas da chegada iminente de um grande objeto planetário, o “Planeta X”, que logo passaria pela Terra e destruiria a civilização.

Quando, após seu periélio, o Hale-Bopp mostrou ser um dos maiores e mais brilhantes cometas observados no século XX,[Lieder removeu as duas primeiras frases de sua declaração inicial, embora elas ainda possam ser encontradas nos arquivos do Google.[12] Suas reivindicações, eventualmente, aparecem no New York Times.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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