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Mulheres movem o mundo

MULHERES MOVEM O MUNDO

Mulheres movem o mundo

Os 125.517 votos que concederam a Juliana Cardoso, mulher afro-indígena, educadora, gestora pública, periférica e de lutas, o mandato de deputada federal nas eleições de 2022 (para o período 2023–2026) carregam em seu bojo um mundo de esperanças e significados.

Por Zezé Weiss

Mulheres movem o mundo
Foto: Juliana Cardoso

Primeira mulher de ancestralidade indígena a ocupar uma vaga na bancada do PT na Câmara Federal e primeira mulher indígena eleita pelo Partido em toda a sua existência, Juliana Cardoso traz para a Parlamento brasileiro a larga experiência de uma dirigente que se tornou referência na luta forjada pelos movimentos comunitários na defesa dos Direitos Humanos, do SUS, da moradia digna, das mulheres, da cultura popular, da educação pública, da igualdade racial e dos .

Nascida em 22 de outubro de 1979, em Sapopemba, Zona Leste da capital paulista, a história de Juliana se confunde com a própria história do surgimento do PT e de todos os movimentos de reconquista e reconstrução da democracia brasileira, depois dos anos de chumbo da ditadura militar (1964– 1985).

Militante vinda das Comunidades Eclesiais de Base, importante movimento social da Igreja Católica, Juliana foi, por quatro vezes – 2008, 2012, 2016 (a única mulher eleita pelo PT) e 2020 – eleita vereadora por São Paulo. São histórias como a de Juliana, assim como as das outras mulheres retratadas nesta matéria, que dão alento ao nosso esperançar e nos fazem crer que, de fato, somos nós, as mulheres, que movemos o mundo.

LUTA E RESISTÊNCIA

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Foto Divulgação/ Marizilda Cruppe/Greenpeace

Juliana Cardoso tem a mesma idade do Partido dos .  “Eu costumo dizer que sou petista desde a barriga da minha mãe. Mulher negra, forte e de luta, minha mãe ajudou a construir o PT”.

Com a mãe, Ana Fonseca, Juliana aprendeu que “independente da relação partidária, da atuação privada ou pública, quando nós, mulheres, queremos revolucionar os espaços que impactam nossas vidas, nós carregamos conosco as nossas crias”.

Essa é a razão pela qual, explica Juliana, “minha vida de criança foi, desde muito pequena, marcada por caminhadas nos movimentos sociais e reuniões nos núcleos do PT. Então, o que me trouxe até aqui é essa minha trajetória, é a pauta social que trabalhei nos meus 14 anos como vereadora da cidade de São Paulo, e é a crença inabalável do povo que me elegeu na construção de uma sociedade mais igualitária, mais justa e mais sustentável”.

Juliana já estava em seus dez anos quando, no Acre, uma tragédia anunciada marcou o destino de outra filha da luta: Em 22 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado com um tiro de escopeta no quintal de sua casa em Xapuri. , a filha mais velha de Chico, à época uma jovem de 18 anos, fez da dor da perda do pai compromisso com a resistência.

 “Quando meu pai morreu foi horrível, foi como se o chão tivesse fugido debaixo dos meus pés. Entrei em um buraco de desespero por não compreender como uma pessoa tão querida como o meu pai podia ser morta daquela forma tão covarde”, diz Angela.

A filha de Chico conta que até hoje sente muita falta das brincadeiras, do carinho que os dois tinham um pelo outro, e fala da última vez em que se encontraram: “Nossa despedida foi de muito carinho, de muita compreensão, a gente ficou de se ver dias depois e, de repente, pronto: eu descubro que não vou vê-lo nunca mais”.

Este ano completam-se 35 anos do assassinato de Chico Mendes. Angela toca no assunto: “Três décadas e meia depois, aqui estou eu, uma mulher da , trabalhando no Comitê Chico Mendes, no Acre, e correndo mundo, como um dia fez meu pai, em defesa dos povos da Amazônia. É essa a maneira que encontro para honrar a memória, defender o legado e manter viva a luta de Chico Mendes”. 

ANCESTRALIDADE

O que me sustenta é minha ancestralidade. Sou filha de pai indígena, do povo Terena de Mato Grosso do Sul.  Meu pai foi assassinado quando eu tinha apenas cinco anos de idade. O trauma da morte dele, o fato de eu estar junto com ele no momento em que o mataram, me tirou o direito à vivência da aldeia, à convivência com as mulheres Terena, mulheres de minha família que vieram antes de mim.

De criança, eu não tinha tanta clareza dessa minha ancestralidade indígena, porque isso foi roubado de mim. Quando o meu pai saiu lá de Mato Grosso do Sul para estudar em São Paulo, onde se tornou enfermeiro, na luta pela sobrevivência ele e outros tios meus se viram distanciados do seu mundo indígena, e o que ficou foram poucas memórias do que meu pai me contou sobre o povo dele, que é o meu povo indígena.  

Depois da morte dele, junto com a minha mãe, eu fui sobrevivendo e, desde pequena, fui me voltando para os movimentos sociais, começando com a luta pela moradia, que lá onde eu morava, na Sapopemba, Zona Leste de São Paulo, era uma luta muito antiga, de moradia popular.  A gente passava por aquele período de uma economia que deixava o povo de joelhos, uma situação muito parecida com o que acontece hoje, e que o governo Lula entrou em campo para resolver.

Foi no decorrer dos meus mandatos de vereadora que eu fui me aproximando dos povos indígenas, em especial do , em São Paulo, mas também de outras etnias, muitas delas desaldeadas que, como eu, precisam lutar sempre para afirmar que tem sangue indígena, que é indígena e que respeita e honra a sua ancestralidade indígena”.

PAUTA INDÍGENA

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Foto: Juliana Cardoso

Para Juliana, o ponto central do movimento indígena é a luta pela demarcação das terras indígenas. “Cada terra demarcada significa uma retomada, uma abertura para a demarcação de outras terras, que resistem, mesmo com a espingarda apontada para a nossa testa”.

Junto, afirma a deputada, “deve vir o resgate da cultura, o investimento na educação, na tecnologia, na garantia de trabalho, para que cada jovem indígena possa seguir seu sonho sem precisar sair da aldeia ou, saindo, possa voltar com condições de fortalecer a , a cultura, o modo de vida comunitário e o bem-viver indígena”.

Há esperanças, nesse momento, surge muita , diz Juliana: “Nossos povos têm morrido, têm sido assassinados, as mulheres indígenas têm sido cada vez mais violentadas, as crianças indígenas estão cada vez mais perdendo suas culturas, estão deixando de falar suas línguas. Com a chegada de Lula ao Palácio do Planalto, os sinais são bons, há medidas concretas sendo tomadas para mudar a realidade”, afirma Juliana.

A criação do Ministério dos Povos Indígenas, com uma ministra indígena, a nomeação de uma mulher indígena para a presidência da Funai e de um líder indígena para a Secretaria de Saúde Indígena (SESAI), logo no começo do governo, “indicam que o Presidente Lula entendeu e concorda com as demandas justas dos povos originários. Mas há crises por todo lado, por mais terrível que seja, não há tragédia e morte só entre os Yanomami. Tem gente indígena sofrendo na Bahia, no Mato Grosso, no Mato Grosso do Sul, no Pará, em todo o país”.

Juliana explica que, embora ainda pequenos, há avanços também na Câmara Federal, onde uma bancada diminuta de duas mulheres indígenas – Célia Xakriabá (PSOL-MG) e Juliana Cardoso (PT-SP) consegue ampliar espaços para os povos indígenas. “Pela primeira vez na história da Câmara, teremos uma Comissão Indígena, que Célia e eu propusemos. 

De mulheres indígenas, somos só nós duas, porque Sonia Guajajara, também eleita deputada federal, tornou-se Ministra, e a outra de nós, infelizmente, tem uma pauta muito definida em defesa do agronegócio e do capitalismo. Mas Célia, em especial, vale por muitas e está fazendo bonito na coordenação da Frente Parlamentar Indígena”.

Outra tarefa grande, segundo a deputada, é a mobilização da sociedade, não só para a defesa dos povos indígenas, mas também na luta contra o desmatamento, contra a mineração, contra as mudanças climáticas. “Estamos vivendo um período em que, depois de tanta destruição, a sociedade começa a entender que cuidar dos nossos povos é cuidar também das florestas, da relação do clima com o meio ambiente.

E completa: “Ainda falta muita coisa, enfrentar o capitalismo não é fácil. Mas o governo Lula tem sinalizado coisas boas.  Não queremos mais árvores cortadas, nem rios poluídos, não queremos crime ambiental, nem ninguém na miséria, passando fome. A gente começa a entender, na prática, as mudanças climáticas, nada está mais como era antes, quando é pra tá frio, tá calor, quando é pra tá calor, tá frio. Nós vamos ter que trabalhar muito, mas estamos aqui pra isso”.

INDÍGENAS DESALDEADOS

Juliana pretende lutar também por políticas afirmativas para as populações indígenas desaldeadas. “As dificuldades para quem é indígena e vive fora da aldeia não vem de hoje, mas a situação se agravou muito nesses últimos anos”, diz Juliana, filha de um indígena Terena desaldeado, assassinado em São Paulo quando ela tinha cinco anos de idade. 

Embora no papel todos os povos originários tenham seus direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988, a verdade é que “ao virem para as , com frequência os indígenas perdem o amparo do Estado. Aconteceu agora, recentemente, durante a pandemia da Covid-19. A gente não teve o direito de sermos vacinados na prioridade indígena como os aldeados tiveram”.

Mudanças vêm ocorrendo, mas elas são lentas, sobretudo nos órgãos da administração pública, afirma a deputada: “Na primeira das minhas quatro campanhas para vereadora, não existia a opção do registro como indígena. Em 2022, na campanha para deputada federal, eu pude me registrar como indígena, mas não como afro-indígena, que é o que eu sou”.

A deputada questiona: “Então como é que eu me coloco, se o meu sangue é indígena, por mais que minha mãe seja negra, que meus avós por uma parte sejam negros, mas as minhas tataravós por parte do pai de minha mãe também são indígenas? Só porque não sou aldeada, só porque não tenho a vivência da aldeia, eu tenho que ficar afirmando que meu pai era Terena, que minha família é Terena e que, portanto, eu sou Terena?”

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Foto: Divulgação

Feminista, Juliana fez de seus quatro mandatos como vereadora, plataforma de defesa dos direitos das mulheres, das crianças, adolescentes e jovens. Deu centralidade à luta pela saúde, pelo aleitamento em creches, pela moradia e pela cultura popular.

Foi relatora da lei municipal Nº 15.945, que criou o Programa Centro de Parto Normal – Casa de Parto, e é a autora da lei Nº 15.248, que criou o Conselho Municipal dos Povos Indígenas. Deu vida ao Coletivo Sonho, Resistência e Luta. Criou o Prêmio Heleieth Saffioti, para reconhecer o trabalho de quem se destacou pelos direitos das mulheres em São Paulo. Juliana é, aos olhos da sociedade, uma mulher de muito sucesso na política.

Mesmo assim, para a deputada, as mulheres ainda enfrentam condições desiguais nos espaços de luta: “Nós, mulheres, vivemos em condição permanente de resistência, não só nos partidos, nos órgãos de poder, nas organizações da sociedade, mas na própria sociedade brasileira. É assim também no meu Partido, o PT. Minha mãe, que é militante antiga, já passou por muita coisa, eu passei por muita coisa.

No caso do PT, as mulheres conquistaram a paridade de gênero, mais mulheres foram eleitas em 2022, temos uma mulher na presidência do Partido e vivemos, a meu ver, um processo crescente de consciência política sobre os direitos das mulheres. Mas, mesmo no PT, as coisas evoluem melhor, porém nunca foram fáceis.

Quando eu vim ser vereadora, eu me elegi muito jovem, com 27 anos, e o Partido não enxergou o potencial de ter uma jovem da periferia da cidade de São Paulo, com histórico negra, pai indígena e militância comunitária. No Partido não se via isso, não se investia na eleição de mulheres com esse perfil.

Por um lado, foi bom, porque eu tive que andar pelos meus próprios caminhos e, com isso, me tornei a primeira vereadora jovem da Câmara, indígena, a primeira jovem vinda da periferia.  Numa conjuntura de 12 vereadores, eu acabei sendo a única mulher e, infelizmente, fui a única mulher vereadora nos meus quatro mandatos.

Hoje, felizmente, o PT tem um entendimento melhor dessa pauta, que é a mesma que a gente teve para garantir que as mulheres possam estar nos espaços de poder, que tem que garantir as cotas, que tem que dividir, na prática, a paridade com as mulheres, com o povo negro, com o povo indígena. E aqui estou eu, na Câmara Federal, com o governo Lula, com vontade, com pressa e com muita esperança de dias mulheres para nós, mulheres, e para todo o povo brasileiro”.

MULHERES MOVEM O MUNDO 

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Cada vez mais, graças à luta mantida por mulheres como Juliana Cardoso, Angela Mendes, Txai Suruí, Anielle Franco, Maria Amália e tantas outras companheiras, muitas delas homenageadas nesta edição 101 da Revista Xapuri, as mulheres brasileiras vão forjando as resistências que movem o mundo.

Em novembro de 2021, em pleno governo do desapetrecho, Walelasoetxeige, a jovem indígena Txai Suruí, filha da ambientalista Neidinha Bandeira, de Rondônia, defensora histórica dos povos indígenas e da proteção da Amazônia, foi a única brasileira a discursar na Conferência da Cúpula do Clima (COP26), na cidade de Glasgow, na Escócia. O discurso de Txai Suruí, focado no impacto das mudanças climáticas, inquietou mentes e moveu o mundo.

No início deste março de 2023, Anielle, ministra do Igualdade Racial do Brasil no governo Lula, foi eleita uma das 12 mulheres do ano pela revista Time. “A gente sabe do nosso trabalho árduo, feito com muito caráter, para manter viva a memória de minha irmã Mari e chegar aonde estamos chegando hoje. Eu só espero que a gente não precise aguardar mais cinco anos para saber quem mandou matar Marielle Franco”, declarou Anielle à mídia nacional e internacional.

Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, em sua edição 2023 do “16 Women Restoring the Earth”, “Global Landscape Forum”, a maior plataforma de uso integrado da Terra, reconhece, por seu trabalho, a ambientalista Maria Amália Souza, criadora do Fundo Casa Socioambiental, como uma das mulheres que movem o mundo. Única brasileira na lista de homenageadas, Amália se sente honrada por “representar o protagonismo da mulher brasileira na luta pela proteção global do meio ambiente”.

Na luta por um mundo melhor desde os anos 1960, a grande militante dos direitos humanos, Angela Davis, costuma dizer que, “quando uma mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Vivesse Angela Davis no Brasil, certamente ela diria que, quando uma mulher brasileira como Juliana Cardoso se movimenta, toda a sociedade brasileira precisa pisar miudinho para alcançar os passos dela.


zezeZezé Weiss – Jornalista Socioambiental. Matéria produzida com base em entrevista concedida pela deputada Juliana para a Revista Xapuri em 3 de março de 2023 (publicada originalmente em abril/2024). As imagens usadas para a ilustração da matéria são do acervo pessoal e das redes sociais da deputada. 

Respostas de 3

  1. Parabéns a todas as mulheres que luta por um mundo melhor, e com igualdade de condições e direitos para todos.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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