A Cultura Voltou
Manda chamar os índios, manda chamar os negros, manda chamar os brancos, mandar chamar meu povo, para o rei Brasil renascer, renascer de novo. José Carlos Capinan e Roberto Mendes – versos da canção “Chamamento”, citados pela ministra Margareth Menezes em seu discurso de posse.
Por Margareth Menezes
Eu, Margareth Menezes da Purificação, sou cidadã brasileira de raízes afro e indígena, criança nascida na periferia de Salvador, na península de Itapagipe, no estado da Bahia, do Nordeste brasileiro.
Damos início à desafiadora função de refundar o Ministério da Cultura. Nós merecemos o nosso ministério. O Brasil tem uma das mais ricas, potentes e respeitadas forças de produção cultural do mundo (…).
Voltou o MinC para o lugar de onde nunca deveria ter saído, ou seja, do seu lugar na Esplanada e da relevância no imaginário do povo brasileiro. Está mais forte, com mais recursos e estruturas do que qualquer outro momento de sua história (…). Que o nosso Minc nunca mais desapareça.
Eu [sei que] a cultura incomoda, a cultura mexe, a cultura desobedece, e floresce, e por isso ela é também expressão democrática e de direitos. Dentro dela, a arte oxigena porque revolve camadas profundas do nosso viver e do nosso ser. Cultura e arte são ferramentas de transformação constante. Quanto mais tentam freá-las, mais revolucionárias serão (…).
A cultura é base primordial para a educação (…), é fator de desenvolvimento econômico e social, de inclusão e cidadania, mas, acima de tudo, qualifica e conscientiza uma ideia profunda de democracia.
É hora de darmos as mãos, reatarmos laços possíveis e superarmos as desavenças para realizarmos uma empreitada. É preciso ter coragem de construir o novo.
Margareth Menezes – Cantora e compositora. Ministra da Cultura. Excertos do seu discurso na cerimônia de posse como Ministra de Estado, em 2 de janeiro de 2023, editado por limitações de espaço. Confira o texto na íntegra em: https://www.gov.br/