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TERRA PARA QUEM TRABALHA: ZAPATA VIVE

FELIZ 145 ANOS, EMILIANO ZAPATA!

Feliz 145 ANOS,  Emiliano Sapata – Terra para quem trabalha: Zapata vive!

É incontestável a importância da para a formação política de emancipação da classe trabalhadora

Por Arthur Silva

Nos diversos países que a compõe, a resistência sempre foi pungente em busca de e social. No México, a Revolução Mexicana foi decisiva para a consolidação de uma prática de luta e resistência no campo e nas áreas . Símbolo dessa luta, Emiliano Zapata completaria 145 anos nesta quinta-feira (08).

MÉXICO E REVOLUÇÃO

Com a ascensão do imperialismo sob o contexto internacional, os anos 1900 foram marcados por intensas disputas. No México, o governo Porfirio Díaz ficou marcado pela alta concentração fundiária nas mãos burguesas, inserindo as comunidades camponesas e indígenas em uma situação instável e complexa.

Nesse contexto histórico, o revolucionário fervoroso da causa campesina e , compreendendo a necessidade do direito à como fundamental para a construção de uma sociedade mais humana.

Coração bravo, não desistiu dos nobres ideais e foi eleito em 1909, líder do conselho que atuaria pela defesa dos camponeses e indígenas. Com atuação intensiva, Zapata colocou-se como um denunciante dos descasos do governo Díaz e acusava os grandes proprietários da exploração dos territórios. Chegou inclusive a ser preso por protestar contra a tomada de parte de seu território por grande fazendeiro.

Sua participação na Revolução Mexicana, no entanto, se iniciou com o apoio à candidatura de Francisco Madero. A conjuntura mexicana no momento apontava para a alta rejeição de Porfirio Díaz. O apoio a Madero se dá justamente por acreditar no apoio à causa campesina e no fim de um movimento de explorações, representados pelo adversário.

Com a derrota de Madero, um levante armado foi convocado, dando origem a diversas guerrilhas. Zapata abandona neste momento os anseios pacíficos e consolida-se como líder do Exército Libertador do Sul.

Forte em suas convicções, Zapata consolidou no grupo o desejo pela reforma agrária e pelos direitos campesinos e indígenas de acesso à terra. A união dos grupos marginalizados no momento, construíram uma intensa força popular para derrotar o regime de Díaz.

Assim, as forças lideradas pelo campesino alinhara-se com Pancho Villa e a unidade e centralidade das ações fortaleceram a Revolução. No entanto, descontente com o não cumprimento de Madero com a reforma agrária, Zapata se afasta do político e consolida o Plano de Ayala.

UMA IDEIA OUSADA: “REFORMA, LIBERDADE, JUSTIÇA E LEI”

Com os ideais de “Reforma, liberdade, justiça e lei” – lema do documento – o Plano de Ayala foi construído com o pragmatismo e a coerência de apontar os dilemas e as questões vividas pela classe trabalhadora no período.

Defendia em principal que a terra pertencia aos trabalhadores, bem como a devolução das terras roubadas, a nacionalização das terras e propriedades dos grandes latifundiários, denúncias com o não-cumprimento do governo com as propostas revolucionárias e, a mais importante, convocação do povo mexicano para derrubar Madero.

TERRA PARA QUEM TRABALHA: ZAPATA VIVE
Foto: Biblioteca do Congresso, Washington, DC (nº neg. LC-USZ62-73425)

Na luta armada, Zapata e seus camaradas percorreram o país enfrentando os soldados do exército mexicano, mas aproximando-se mais das camadas populares. A popularidade do camponês aumentou significativamente e ele foi visto como um grande líder popular. Durante o contexto de guerrilha, diversas propriedades foram ocupadas com o intuito de pressionar uma urgente reforma agrária.

Em 1913, Madero é destituído e Vitoriano Huerta assume o poder. A luta continuou bravamente, passando pelo governo Carranza que usou de todas as suas forças coercivas para perseguir Zapata e seus apoiadores, as atitudes do governante revelou a austeridade do regime autoritário em que se consolidava. O ditador estabeleceu, nesse sentido, recompensa pela cabeça de Zapata, que seguia liderando em Morelos até sua morte.

NÃO SE MATA UM LEGADO

“Se não há justiça para o povo, que não haja paz para o governo” (Emiliano Zapata)

Em 1919, o militar Jesús Guajardo planejou uma emboscada em um tortuoso 10 de abril. Ele convenceu Zapata covardemente de que estaria interessado em aderir ao movimento, acabaram por marcar um encontro. O guerrilheiro foi recebido com diversos tiros, levando o revolucionário.

Sabemos bem que não se mata legado, o movimento zapatista inspirou os movimentos sociais do México e do restante do país. Em 1994 surge o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN) que mobilizou camponeses e indígenas para discutires as questões agrárias no país e a urgência de uma reforma, que qualifique e distribua melhor os territórios. O movimento ocupou diferentes espaços e manteve firme o legado zapatista do fim da marginalização dos indígenas, o fim do Nafta e o combate à corrupção.

O legado do camponês também incendeia os movimentos no . Em 2012, o Movimento Sem Terra (MST) produziu um documentário nomeado: “Resistência por Dignidade”, cujo objetivo é apresentar o revolucionário e sua importância para a emancipação dos povos latino-americanos e a formalização de uma agenda que construa ativamente a reforma agrária e a regulamentação da distribuição de de justiça social.

TERRA PARA QUEM TRABALHA: ZAPATA VIVE
Foto: Reprodução/MST

Emiliano Zapata é um símbolo importante para a construção do na América Latina, sua força e determinação na construção de um legado heroico está presente em cada um e cada uma que se levanta diariamente para consolidação de um novo amanhã, com manhãs reluzentes de sol e socialismo.

É preciso seguir seu exemplo e sair à frente, rumo a este mundo novo que queremos viver, não nos esquecendo jamais do ensinamento: “Prefiro morrer de pé, do que viver ajoelhado”. Só a luta muda a . Zapata vive!

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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