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A cada dois dias, descoberta uma nova espécie na Amazônia

Em dois anos, 381 novas espécies descobertas na Amazônia: Foram catalogadas 216 plantas, 93 peixes, 32 anfíbios, 19 répteis, 20 mamíferos – dois deles fósseis – e uma ave.

O Fundo Mundial para a Natureza (WWF)  apresentou na quarta-feira, dia 30 de agosto, em São Paulo, relatório com  um compilado de 381 novas espécies de plantas e de animais vertebrados da Amazônia, a floresta com a maior biodiversidade em uma floresta tropical do planeta.

Os dados, coletados entre os anos de 2014 e 2015, mostram que nesse período  uma nova espécie foi registada a cada dois dias, a maioria em áreas de conservação ou zonas próximas, quatro delas na Reserva Nacional do Cobre e Associados, a Renca, extinta pelo governo federal  via decreto em 23 de agosto passado, reeditato logo em seguida e suspenso por 120 dias nesta quinta-feira, 31 de agosto.

Foram catalogadas: 216 novas espécies de plantas; 93 de peixes; 32 de anfíbios; 19 de répteis; uma ave; 18 mamíferos; e dois mamíferos fósseis. Entre os mais chamativos figura um macaco com uma longa cauda avermelhada, avistado no noroeste do estado de Mato Grosso e uma nova espécie de golfinho de água doce, que se estima que tenha aparecido há 2,8 milhões de anos.

Como metodologia, a WWF fez uma revisão de bibliografia científica para inclusão apenas das novas espécies de vertebrados e plantas descritas em periódicos científicos e submetidas à revisão dos pares. Muitas das descobertas também são feitas com a colaboração da população local. Os “cientistas cidadãos”, como chamou a ONG, contribuíram muito para a coleta de informações.

Inia araguaiaensis, um novo mamífero aquático de grande porte e coloração distinta (Foto: Gabriel Melo Santos/WWF)Inia araguaiaensis, um novo mamífero aquático de grande porte e coloração distinta (Foto: Gabriel Melo Santos/WWF)

Esta é a terceira edição do relatório, divulgado pela WWF em parceria  com o Instituto Mamirauá, elaborado por dezenas de cientistas que estudaram as espécies no terreno e contrastaram as novas descobertas com as bases de dados existentes.

 Entre 2010 e 2013 foram descobertas 602 novas espécies, enquanto entre 1999 e 2009 o número escalou até às 1.200. O relatório destacou que, apesar dos esforços dos últimos anos, “existe, todavia, uma lacuna em termos de conhecimento sobre a real diversidade da Amazônia”, devido à vasta extensão do território ou à “a ausência de recursos para efetuar investigações”.

Segundo estudo de 2005 citado pela WWF, atualmente há entre 1,7 e 1,8 milhão de espécies no mundo – dentre essas, 80% ainda não teria sido mapeada. Ainda, os cientistas precisam correr contra o tempo: 0,1% das espécies do planeta desaparecem todos os anos.

A WWF ressalvou a importância de se “redobrar a atenção” naquela região, que “sofreu o impacto da deflorestação, da atividade agropecuária e de grandes obras de infraestruturas, como a construção de hidroelétricas e estradas”.

“A Amazônia tem muitas lacunas de conhecimento. É uma área de difícil acesso em que muitas pessoas não conseguem chegar. Existem muitas espécies para serem descobertas “, diz Fernanda Paim, pesquisadora do Instituto Mamirauá, que fez o estudo em parceria com a WWF.

Hypocnemis rondoni, o cantador da floresta. Nome foi dado em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, antropólogo e explorador brasileiro. (Foto: Fabio Schunck/WWF)Hypocnemis rondoni, o cantador da floresta. Nome foi dado em homenagem ao Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, antropólogo e explorador brasileiro. (Foto: Fabio Schunck/WWF)
Algumas das espécies encontradas:

Plantas

lanta Guatteria amapaenses – descoberta no Amapá na rodovia ‘Perimetral Norte’. Sem coordenadas.

Planta Heteropsis reticulata – descoberta no Acre, no município de Cruzeiro do Sul.

Solanum arenicola – É uma das quatro novas espécies da família Solanaceae descritas para a América do Sul. A espécie está relacionada ao grupo do tomate e batata.

Pássaros

Tolmomyias sucunduri – Pequenina ave que vive em pares, seu nome é originário do grego e significa “papa-moscas ousado do Sucunduri”. Sucunduri, no município de Apuí, Amazonas, Brasil, é a região onde foi encontrado.

Hypocnemis rondoni – Pequena ave com cores bem distintas, o nome do cantador-de-rondon foidado em homenagem ao antropólogo, explorador e indigenista brasileiro, Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

O Tolmomyias sucunduri, nova espécie de pássaro (Foto: Fábio Schunck/WWF)O Tolmomyias sucunduri, nova espécie de pássaro (Foto: Fábio Schunck/WWF)
 Peixes

Laimosemion ubim – Foi encontrado na Amazônia Central na margem de um igarapé raso de terra firme e de água preta. Quando adulto, este peixe alcança cerca de 1,8 cm e exibe várias características reduzidas. Os machos apresentam um padrão único de coloração, com pontos vermelhos e azuis pálidos dispostos irregularmente no meio do flanco.

Potamotrygon limai – Arraia de água doce, a limai foi encontrada no estado brasileiro de Rondônia, no rio Jamari, bacia do alto rio Madeira, até então era confundida com outra do mesmo gênero.

Maratecoara gesmonei – Este peixe foi encontrado em uma poça temporária com cerca de 50 cm de profundidade em uma ilha fluvial no médio rio Xingu, estado do Pará, Brasil.

A nova espécie de peixe Potamotrygon limai (Foto: WWF)

A nova espécie de peixe Potamotrygon limai (Foto: WWF)

Mamíferos

Inia araguaiaensis – Essa nova espécie de boto só foi descrita recentemente, em 2014, graças à análise de carcaças encontradas em um lago da bacia do rio Araguaia.

Macaco zogue-zogue-rabo-de-fogo – Plecturocebus miltoni – Descoberto em dezembro de 2010, no noroeste do Mato Grosso, a publicação do artigo científico foi concluída em 2014. O nome “rabo de fogo” é inspirado na sua longa cauda avermelhada. Já a alcunha científica foi dada em homenagem ao cientista Milton Thiago de Mello, em reconhecimento a sua contribuição à primatologia.

Anfíbios

Pristimantis jamescameroni – Perereca de cor laranja, foi encontrada na Venezuela.

Pristimantis imthurni – “Reluzente como ouro esse sapo foi descoberto em 2014 na região dos tepuis venezuelanos.

Tepuihyla obscura – Descrito em 2015 para a região do Pantepui, nos tepuis venezuelanos. Esta rã é de hábito noturno. Durante o dia é fácil encontrá-la nas bromélias.

Microcaecilia marvaleewakeae – é uma nova espécie de cobra-cega descrita em 2013 no Brasil. Esta espécie foi nomeada em homenagem ao professor Marvalee H. Wake, do Departamento de Biologia Integrativa da Universidade da Califórnia, Berkeley.

Scinax villasboasi – A espécie de perereca foi descrita em 2014 na Serra do Cachimbo, extremo leste da Floresta Amazônica, estado brasileiro do Pará, em um fragmento de área aberta em meio à floresta

Répteis

Epictia vanwallachi – Nova espécie endêmica das florestas secas do Peru, descrita em 2015, na região de “La libertad”.

Plica kathleenae – Lagarto corredor de tronco de árvores. Seu nome foi uma homenagem a Kathleen Kelly, pesquisadora da Divisão de Anfíbios e Répteis do Field Museum of Natural History por seu interesse e esforço em nome da herpetologia.

Anolis peruensis – No Peru, a um pouco mais de 2 km de distância do município de Esperanza, na província do Amazonas, foi localizada essa nova espécie de lagarto, descrita só em 2015.

Stenocercus albolineatus – Esse lagarto, descoberto em 2015, foi localizado no estado brasileiro do Mato Grosso e ocorre numa área que tem um grande planalto de arenito.

Rondonops xanthomystax – Espécie descoberta em 2015 na região do rio Abacaxis, no estado do Amazonas. Sua ocorrência se estende até o rio Tapajós, sudoeste do Pará, ambos no Brasil.

Epictia antoniogarciai – Cobra descoberta em 2015 na província de Jaén, no Peru. Da família de cobras cegas Leptotyphlopidae, esses animais possuem olhos rudimentares e passam a maior parte do tempo enterradas no solo ou embaixo de pedras.

novas espécies macaco zogue zogue 1Macaco Zogue-Zogue

Fontes:

LUSA

http://g1.globo.com/natureza/noticia/ong-descobre-381-novas-especies-de-plantas-e-animais-na-amazonia.ghtml

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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