Procura
Fechar esta caixa de pesquisa.

Conhecimento: Mais da Cultura de vários Saberes

Conhecimento: Mais da Cultura de vários Saberes

*_Uma Cultura de Shows_*

Por: Padre Joacir S. d´Abadia

 Meu respeito e admiração a esta grande mulher de envergadura poética e respaldo cultural chamada Solange Ramalho. Ela também atende por Sol Ramalho, professora, poetisa e escritora num país onde apenas a música parece ser _”algo cultural”._ Viver de livros ou até mesmo de produção acadêmica parece ser um desafio quase que insano na medida que impera nas consciências das pessoas um único modo de se desenvolver a sociedade.
 
Fica desprestigiada a cultura do cultivo do saber quando nos deparamos com shows musicais onde se pagam mais de 100 mil reais. Nossas prefeituras não incentivam a produção de eventos ou projetos de cunho acadêmico. Dificilmente olharão e/ou valorizarão  um feito desta magnitude,  o interesse “cultural” estará sempre voltado tão somente para angariar votos para eleições  municipais ou estaduais. Acompanhando esses eventos seguem  atrativos como o alcoolismo, a concepção errônea de corporeidade, e tantos outros que inevitavelmente carregam os jovens a iniciarem uma vida desregrada no campo afetivo.
 
Penso estar na hora dos governantes se unirem em prol de uma sociedade mais culturalizada criando oportunidades onde as escolas produzissem artigos dos seus alunos em jornais que estimulariam capacidade do desenvolvimento de boas  redações, recurso necessário não só para o Vestibular, mas para a vida.
 
O momento é agora! Os jovens estimulados a produzirem escritas ao ponto de saírem da dimensão escolar e ganhar o Jornal do município depois o periódico estadual até culminar numa realidade nacional capaz de ganhar o mundo!
 
Confesso ser mais um pensamento de um filósofo que deseja ver o povo bem formado, capaz de fazer uma reflexão sobre os problemas dos mais corriqueiros aos mais complexos, como a falta de investimentos na educação.
 
Ops! Clamamos por uma educação básica: respeito à faixa de pedestres, ao sinal fechado, às vagas reservadas aos deficientes, às setas na transposição de faixas, aos lixos nos devidos lugares e não jogados em ruas ou lotes baldios, a não furar filas, não sonegar impostos, não adulterar Notas Fiscais, à honestidade  em chegar e sair do trabalho na hora certa estando seu chefe ou não,  em não tirar xerox ou imprimir coisas na escola para usufruto pessoal, etc.
 
Educação  básica! Isso que se almeja. Realmente estamos mendigando uma educação ainda infantil, imatura. Educação esta, que se levada a sério, estaria hoje adulta, madura e responsável por uma sociedade bem formada onde os valores humanos estariam sendo vividos por igual entre todas as classes sociais e  a sociedade não  se _”beneficiaria”_ apenas de  shows musicais nos limites territoriais de suas residências.
 
Uma cultura sim, onde, os limites territoriais seriam apenas um atrativo para shows de grandes extensões e proporções: a própria  história escrita e reescrita com suas dores e alegrias universais. Um show à parte neste tempo em que vivemos! Em nossa cultura ainda se pode filosofar, recitar poemas, ser um professor, escrever os dissabores da incerteza da vida? Ou… Vamos continuar _”Ad Aeternum”_ nesta cultura de Shows?
 
Kalunga criança indígena Curta mais 1
Criança Indígena em Encontro de Culturas de Alto Paraíso de Goiás.
Foto: Curta Mais
 
Joacir d’Abadia, Pároco de Alto Paraíso-GO, Diocese de Formosa-GO.

_______________________________________
Filósofo, Escritor, articulista e Especialista em Docência do Ensino Superior.

Imagem de Capa:  Homem Kalunga em Encontro de Culturas de Alto Paraíso de Goiás.

Publicado em 03/08/2018

[smartslider3 slider=25]
 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

PARCERIAS

CONTATO

logo xapuri

posts relacionados

REVISTA