Acidente de Chernobyl: Após 33 anos as consequências ainda são graves

Acidente de Chernobyl completa 33 anos

Em 26 de abril de 1986, o mundo esteve diante do pior acidente nuclear e ambiental da História. E ainda hoje as consequências são graves.

Por: Joseane Pereira – aventurasnahistoria

No dia 26 de abril de 1986, um dos quatro reatores da Usina Nuclear Chernobyl, que serviam para gerar energia para a Ucrânia, explodiu repentinamente. O incêndio liberou uma nuvem radioativa que atingiu países tão distantes quanto a Itália e Finlândia, e a cidade de Pripyat, localizada no norte do país e ao lado de um grande rio, foi evacuada. A zona de exclusão permanece até hoje, nos lembrando sobre os que o uso de energia nuclear imprime à .

O Acidente

As causas para esse tremendo acidente são controversas: enquanto uns atribuem falha humana na construção das hastes de controle dos reatores, outros afirmam que uma interrupção acidental no sistema hidráulico de refrigeração levou à explosão. O fato é que um dos quatro aparelhos entrou num processo de superaquecimento incapaz de ser revertido. Após a explosão, mais de 600 mil  soviéticos foram chamados para realizar uma super operação de limpeza, e helicópteros repletos de areia e chumbo foram levados ao local, para conter o e principalmente a radiação espalhada pelos ventos — material radioativo que era quatrocentas vezes maior que o das bombas utilizadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki, em fins da Segunda Guerra Mundial.

chernobyl

Resquícios da explosão / Créditos: Wikimedia Commons

Consequências

O total de mortes é muito controverso, e difícil de ser quantificado. Alguns dados sobre os trabalhadores que tiveram contato direto com o acidente são oficiais: 31 e funcionários da usina, que trabalhavam na contenção do fogo, morreram de exposição aguda à radiação e outros 246 trabalhadores faleceram entre 1991 e 1998 de doenças circulatórias e leucemia. Quanto ao resto da população afetada, aí começa a controvérsia: relatórios das Nações Unidas estimam que 4 mil pessoas morreram devido à exposição, enquanto ONGs como o Greenpeace falam em 200 mil pessoas.

Roda gigante em Pripyat abandonada após acidente / Créditos: Reprodução

Roda gigante em Pripyat abandonada após acidente / Créditos: Reprodução

A usina continuou em operação com seus outros 3 reatores até o ano 2000, quando o local foi abandonado e seu entorno virou uma cidade fantasma que está sob efeito radioativo até hoje. O reator de número 4 encontra-se em um “sarcófago” de concreto e aço para evitar a difusão de radiação, e ainda hoje há gente morando na zona de exclusão. São funcionários responsáveis por monitorar a situação e garantir estabilidade na usina, e sua estadia por lá é sempre provisória devido aos perigos no contato com o material.

As de Chernobyl

A área mais gravemente atingida passa por três países: Ucrânia, Rússia e Bielo-Rússia. Mesmo com os reatores fechados e isolados, quem sobreviveu ainda enfrenta vários problemas de saúde, pois a e água da região foram contaminadas por elementos radioativos e frutas, legumes, carne e pão nunca são totalmente sadios. E esse drama não atinge somente os sobreviventes: crianças nascidas depois de 1986 têm de lidar com doenças graves e suas consequências. No norte da Ucrânia, a incidência de câncer na tireoide é quase 100 vezes maior que o normal. E dois em cada três adolescentes têm problemas no coração.

Para quem foi atingido, uma medida simples faz toda a diferença: estudos ucranianos e franceses demonstraram que a permanência de três meses em regiões não-radioativas é capaz de diminuir em 30% o césio presente no corpo. Sabendo disso, desde 1993 a associação francesa “Les Enfants de Tchernobyl” leva jovens para passear no exterior.

Associações semelhantes fazem o mesmo em diversos países, como Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Irlanda, Canadá e Estados Unidos. “No entanto, além dos problemas de saúde, precisamos lidar também com o preconceito que essas crianças sofrem”, afirma Angèle Mosser, representante da associação. “Como a informação ainda é escassa, há quem tema até chegar perto desses jovens.”

As dificuldades de relacionamento com as vítimas resultam da falta de informação e do impacto causado pelas antigas imagens de recém-nascidos deformados, nascidos em regiões próximas às explosões. O desastre nuclear é um fantasma presente. “Chernobyl foi – e ainda é – o inferno”, diz Monique Sene, integrante do grupo francês.

Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/acidente-de-chernobyl-completa-33-anos.phtml

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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