ALMAS: MARTÍRIO, DEVOÇÃO E MILAGRE NO PIAUÍ

ALMAS: MARTÍRIO, DEVOÇÃO E MILAGRE NO PIAUÍ

Almas: Martírio, Devoção e Milagre no Piauí

Salve, gente!

Hoje estou vindo  aqui apresentar o primeiro livro do Projeto Causos Assustadores do Piauí. Falamos primeiro porque a idéia é fazer uma coleção. O livro, no caso, chama-se ALMAS: MARTÍRIO, DEVOÇÃO E MILAGRE NO PIAUÍ, e faz parte da coleção CAUSOS ASSUSTADORES DO PIAUÍ APRESENTA…, sendo este o volume 1. Trata-se de uma compilação de relatos de histórias de mártires milagrosos e devoção popular, onde se analisam o culto às almas, os milagres operados e os ritos do culto.

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O culto às almas benditas (almas milagrosas, mártires milagrosos, etc) é muito presente em todo o Brasil. Acredita-se que pessoas mortas, em especial aquelas que vieram a óbito de forma muito sofrida (diz-se que o sofrimento expia os pecados da carne) ou as que foram boas e castas, possam interceder junto a Deus e aos Santos (em uma visão cristã) ou junto aos deuses (na visão de religiões politeístas) em favor dos vivos. Há quem diga que os milagres são concedidos diretamente pelos mártires.

No Piauí são muitos os que procuram obter graças milagrosas junto às almas, cultivando verdadeiros ritos de fé a alguns finados que foram canonizados não pela igreja, mas pela gente desse estado, que os elegeu Santos Populares. Assim, fazem preces, mediante promessas, visando alcançar favores milagrosos em situações de apuros e aflições. Em agradecimento, cumprem com o prometido depositando ex-votos e orações, muitas vezes após intensa caminhada, tornando cada vez mais forte a devoção, inspirando e alimentando a própria fé e a de outros.

O livro, do mesmo autor do blog Causos Assustadores do Piauí, traz um extenso rol de almas milagrosas que conseguiu identificar Piauí afora, apresentando um pouco da história dessas pessoas quando vivas, explicitando como morreram, bem com detalhes do culto dedicado a elas após sua morte. Os locais de devoção são, normalmente, lugares associados à alma, seja o ponto de sua morte, seja o túmulo em que se encontra sepultada. Ali os fiéis erguem cruzeiros, santuários e/ou capelinhas em homenagem aos seus protetores.

Nessa obra, o escritor conseguiu compilar um rol de 50 almas de várias cidades do Piauí: Motorista Gregório (Teresina), Auta Rosa (Amarante), Noiva Alda (Barras), Luzia Cortada (Luzilândia), Maria Alves (Pedro II), Consolação (Piripiri), Lucinha (Campo Maior), Maria das Graças (Piripiri), Maria dos Prazeres (Cocal de Telha), Mariana e Conceição (Ilha Grande), Martiliana (Novo Santo Antônio), Otília (Caraúbas), Maria Luísa (Altos), Alvina (Altos / Teresina), Sabina (Aroazes), Alice (Uruçuí), Lulú (Pau D’Arco do Piauí), Felicidade (Campo Maior), Balaios de Cruz das Almas (Cristino Castro), Revoltosos da Coluna Prestes (Valença do Piauí), Almas do Desastre (Altos), Almas do Batalhão (Campo Maior), Benedito, o nêgo do Tapuio (Pau D’Arco do Piauí), Cangaceiro Canastra (Batalha), Ciganinho Roldão (Esperantina), Calixto (Piripiri), Catirina e Martinho (Piracuruca / Piripiri), Cruz do Moleque (Campo Maior), Curandeiro Rafael (Altos), Fernandes (Altos), Frei Pedro (Alto Longá), Furtuoso (Passagem Franca / Monsenhor Gil), Homem Carcará (Oeiras), João Bernardo (Lagoa do Piauí), João Cartomante (Cocal / Parnaíba), Manoel (Altos), Mariano (Coivaras), Menino de Ouro da Pedra do Letreiro (Batalha), Pedrão (Altos), Quirino (Altos), Samuel (Cocal de Telha), Simãozinho do Cruzeiro (Coivaras / Alto Longá), Sitônio (Altos), Tertuliano (Valença do Piauí), Vaqueiro enterrado vivo (Altos), Vaqueiro do Pescoço Quebrado (Picos), Vaqueiro da Cruz da Frei Serafim (Teresina), Irmãos Romeiros (São Miguel da Baixa Grande), Irmãos Surdos (Parnaíba), Três Irmãos (Jaicós).

Os dois primeiros capítulos apresentam noções sobre o culto às almas e características comuns sobre os locais de devoção. De uma forma geral, o livro, com 278 páginas, revela um pouco do cotidiano do bravo povo do Piauí, em suas lutas diárias pela sobrevivência, apresentando contexto histórico que situa o leitor no palco das histórias.

A apresentação fica por conta de Rafael Nolêto (Jornalista e Relações Públicas; Sacerdote do Politeísmo Piaga – Piaganismo – e fundador da comunidade Vila Pagã – em José de Freitas, PI. Pesquisador de Mitologia, Bruxaria e Religiosidades, tendo diversos livros publicados sobre os temas, dentre os quais “Mitologia Piaga”) e o prefácio por Michelliny Verunschk (autora de vários livros, entre os quais “Nossa Teresa – Vida e Morte de uma Santa Suicida”, e pesquisadora do grupo Comunicação e Cultura – Barroco e Mestiçagem, da PUC São Paulo. Possui graduação em História (AESA-PE), Mestrado em Literatura e Crítica Literária (PUC-SP) e Doutorado em Comunicação e Semiótica (PUC -SP)).

Para quem quiser adquirir o livro via internet, seguem os links para compra on-line:

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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