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Primeiro de Maio – O Heroísmo e a História

Primeiro de Maio – O Heroísmo e a

Por João Rocha 

Por volta de 1760, a modificação do sistema de produção provocou;  uma revolução na economia e nas relações entre os homens.  As máquinas substituíram os artesãos; as fábricas passaram a ocupar o lugar das antigas oficinas domésticas; surgiram os capitalistas e os trabalhadores assalariados. Era a Revolução Industrial.

De 1760 a 1830, a Revolução Industrial limitou-se praticamente à Inglaterra. A partir de 1850, o alcançou a Europa Central, a Rússia, a América, a Ásia e o Japão.

Com o surgimento da classe operária, começaram a aparecer os problemas: desemprego, , e crianças eram obrigadas a trabalhar de 12 a 14 horas por dia. Os trabalhadores começaram então a se organizar para reivindicar a redução da jornada de trabalho.

No dia primeiro de maio de 1886, operários de Baltimore, Chico e Nova York e outras desencadearam uma greve que se alastrou por todos os . Os trabalhadores foram para as ruas em passeatas e exigiram a jornada de oito horas diárias de trabalho.

Houve choques com a polícia em vários lugares. Em Milwaukee, morreram nove operários. Em resposta, cerca de 25 mil grevistas organizaram, no dia quatro de maio, em Chicago. Pouco antes de encerrar, chegou a polícia, gerando um grande tumulto. seguido da explosão de uma bomba, que matou um sargento. Travou-se uma batalha, que terminou com quatro operários mortos e milhares de feridos.

Seguiu-se um período de terror e perseguição aos trabalhadores. Centenas de trabalhadores foram presos e processados; outros foram mortos e muitos se suicidaram. Oito entre eles foram acusados como responsáveis pelos incidentes e condenados: Adolfo Fischier, George Engel, Luis Ling, Alberto Parsons, Augusto Spies – todos condenados à forca; Samuel Fielden e Michael Schwab – condenados à prisão perpétua; e Oscar Nieebe, a 15 anos de prisão.

Sete anos depois, ante o clamor internacional, o governador de Illinois mandou rever o processo e conclui-se que os acusados eram todos inocentes. Fielden, Nieebe e Schwab foram libertados. Os mártires de Chicago passaram para a História e hoje são heróis da Classe Operária.

Em 14 de julho de 1889 realizou-se em Paris o Congresso Operário Socialista Internacional, onde se aprovou a Resolução sobre o movimento pró-jornada de oito horas, como propunha a Federação Americana de Trabalho dos Estados Unidos, que enviou saudações ao Congresso.

Em 1o de Maio de 1890, foi adotado o primeiro de maio como a data de manifestação pela jornada de oitos horas de trabalho.

No Congresso de Bruxelas, em 1891, e no de Zurique, em 1893, ficou estabelecido, em caráter permanente e universal a data de 1o de Maio como o DIA INTERNACIONAL DOS TRABALHADORES, em homenagem aos mártires de Chicago.

João Rocha – Operário metalúrgico aposentado, reside em Caraguatatuba, São Paulo. Foi diretor do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Campinas, cassado pela ditadura em 1964. 


Lula Vila Euclides PTFoto: Histórico – PT


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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