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A Experiência do Prazer Numa Vida Vazia de Sentido

A experiência do prazer numa vida vazia de sentido

A Experiência do Prazer Numa Vida Vazia de Sentido fala da preocupação centrada no próprio indivíduo e da angústia de viver uma vida sem sentido. “É preciso ter a coragem de ir contra estas fracassadas vivências e trilhar um novo caminho,” diz o autor.

Por Padre Joacir S. D’Abadia

A palavra que exprime literalmente toda esta época do descartável é “Experiência”. Através da prática desta junção de letras podemos compreender muitos dos desajustes sociais que a humanidade enfrenta, primordialmente no que se refere aos valores. Contudo, esta experiência se torna completa quando vem junto ao prazer. É como se na consciência de cada indivíduo estivesse ecoando uma voz que diz: “experimente todos os prazeres desejáveis deste mundo, em excesso, sem se preocupar com qualquer valor normativo”.

Usar prazerosamente os benefícios do mundo em forma de experiência levam às pessoas a se colocarem no centro de toda esta discussão. Cada indivíduo se vê na obrigatoriedade de experimentar tudo que lhe vem disposto: comer em demasiado; ouvir música sempre no último volume; dirigir na velocidade máxima que conseguir; usar em desmedida as mídias sociais; falar alto em lugares públicos; usar de todos os tipos de drogas; fazer compras desnecessárias… Estes e outros tantos comportamentos compulsivos mostram que o homem quer a todo custo “experimentar o prazer”.

A preocupação centrada no próprio indivíduo, o qual precisa ter o corpo esculpido pela academia, nem sempre consegue manifestar o que tem dentro do seu mesmo ser: uma angústia de viver; uma vida sem sentido; as realizações não servem senão para expor, através de fotos de “status” e companhia, um grande vazio; as referências de amizades se perdem facilmente, uma vez que se pode ser amigo de umas 5mil pessoas, ter apenas uns três amigos de verdade se torna um desafio; todos fazem as mesmas coisas nesta vida sem sentido: Academias, corridas, barzinhos… Até usam as mesmas marcas de roupas e sapatos. Pra ser honesto: nem as cores e os modelos mudam nestas marcas que insistem nas coleções, as quais não passam de um reflexo opaco de um capitalismo que vai perdendo força em muitos países com a desvalorização de suas moedas.

Esta forma de viver concorre o homem para um grande vazio, tendo como referência a si mesmo para viver todas as experiências que o prazer pode oferecer. Contudo, por baixo destas roupas de coleções, corpos malhados, vidas permeadas de “curtidas” e seguidores… Mas lá dentro. Sim. Bem no interior deste ser humano existe um coração. Você sabia? Você tem um coração para amar as pessoas, sentir saudades delas e dizer, sem nenhum medo de todos os falsos ditames deste nosso tempo do descartável: _ eu te amo.

Todavia, falta você ter a coragem de ir contra estas fracassadas vivências e trilhar um novo caminho, o qual você pode até ser o protagonista, porém ouse se abrir para o Sublime. Esta é a maior experiência de prazer que você pode ter sem se comprometer sua vida à depressão deste tempo de plástico, ou, se preferir, pode chamar este tempo de “A modernidade Líquida” como fez Zygmunt Bauman: “um mundo repleto de sinais confusos, propenso a mudar com rapidez e de forma imprevisível” em que vivemos, traz consigo uma misteriosa fragilidade dos laços humanos, um amor líquido”.

Padre Joacir d’Abadia, Filósofo autor de 12 livros. Em breve vai publicar os livros: “o Humano do Padre”, “Aos cuidados da sabedoria” e “Vivás-Vasti: o contemplador”.

 


 

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Padre Joacir d’Abadia, filósofo autor de 12 livros, Especialista em Docência do Ensino Superior, Bacharel em Filosofia Teologia, Licenciando em Filosofia, Professor de Filosofia Prática. Membro das Academias: ALANEG, ALBGO e FEBACLA e da “Casa do Poeta Brasileiro – Seção Formosa-GO”, Coordenador da Pastoral do Diálogo Inter-Religioso. Texto publicado conforme revisão do autor.

 

 

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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