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A LENDA DO PICA-PAU GUARDIÃO DO VALLE DE GURGEIA

A LENDA DO PICA-PAU GUARDIÃO DO VALLE DE GURGEIA

A Lenda do Pica-Pau Guardião do Vale de Gurgeia 

O escritor Arthur Passos conta em seu livro Lendas e Fatos: Crônicas do Rio Gurgueia, a história do pica-pau guardião, que teria ouvido de moradores do Vale do Gurgueia, na região sul do Piauí…

Por José Gil Barbosa Terceiro

O que se diz é que existe nas matas da região uma espécie de folha encantada, capaz de livrar a pessoa de todo tipo de mal, além de trazer sorte, riquezas, promover curas e ajudar na solução de diversos problemas. A questão é que, para conseguir a folha mágica, as pessoas precisam recorrer à ajuda do pica-pau, único ser da fauna piauiense que sabe encontrar a tal folha.

Assim, numa sexta-feira da Paixão, a pessoa deve ir para a mata e procurar um ninho de pica-pau, que geralmente fica dentro de um tronco. Ao encontrar o ninho, a pessoa deve esperar o pássaro sair e tapar a entrada do buraco e se esconder para não afugentar a ave, após seu retorno.

Quando o pássaro retorna ao lugar do ninho e encontra a entrada bloqueada, com os filhotes dentro, piando em desespero, o pica-pau corre em busca da folha mágica e, ao encostá-la no bloqueio, como que por mágica, a entrada é liberada de pronto.

Assim, a ave entra no tronco em que fica o ninho para conferir os seus filhotes, deixando a folha cair ao chão. É nesse momento que a pessoa pode pegar a folha mágica, para usá-la como amuleto, ficando, assim, protegida contra todo tipo de mal.


JOSE GIL

José Gil Barbosa Terceiro – Advogado. Folclorista. Gestor do site causosassustadoresdopiaui. Para essa lenda, o autor cita como fontes: NOLÊTO, Rafael. Mitologia Piaga: Deuses, Encantados, Espíritos e outros Seres Lendários do Piauí. Teresina: Clube de Autores, 2019. PASSOS, Artur. Lendas e Fatos: crônicas do Rio Gurgueia. Rio de Janeiro: IBGE, 1958.

 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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