Abaporu, a tela brasileira mais valorizada no mundo

ABAPORU: A TELA BRASILEIRA MAIS VALORIZADA DO MUNDO

Abaporu: a tela brasileira mais valorizada no mundo 

Abaporu é um quadro em óleo sobre tela, criado em 1928 da pintora brasileira Tarsila do Amaral. A pintura foi criada por Tarsila para dar de presente de aniversário ao escritor Oswald de Andrade (na época, seu marido) que se empolga com a Tela e cria o movimento “Antropofágico”

Por Imagens & 2.0

Abaporu vem dos termos em aba (homem), pora (gente) e ú (comer), significando “homem que come gente”. O nome é uma referência à antropofagia modernista, que se propunha a deglutir a estrangeira e adaptá-la ao .

Tarsila valorizou o trabalho braçal (pés e mão grandes) e desvalorizou o trabalho mental (cabeça pequena) na obra, pois era o trabalho braçal que tinha maior importância na época.

Hoje, é a tela brasileira mais valorizada no mundo, tendo alcançado o valor de US$ 1,5 milhão, pago pelo colecionador argentino Eduardo Costantini em 1995. Encontra-se exposta no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (MALBA).

Abaporu, a tela brasileira mais valorizada no mundo
TARSILA DO AMARAL 

 
Tarsila do Amaral foi uma grande pintora e desenhista brasileira com fama no Brasil e no exterior. Nascida em uma família rica e tradicional do interior de São Paulo teve acesso a boas escolas além de concluir seus estudos na Europa. Aprendeu piano e outras línguas, incluindo o francês.
 
Tarsila nasceu em 1º de setembro de 1886 e passou sua infância em meio à na fazenda da família no município de Capivari em São Paulo. Em 1901 matricula-se no Colégio Sion onde pinta seu primeiro quadro – Sagrado coração de Jesus. Em 1906 casou com o primo André Teixeira Pinto com quem teve uma filha, o casamento dura cerca de dez anos.

Em 1916 aprendeu a fazer modelagem em barro no ateliê de William Zadig, escultor sueco radicado em São Paulo. No ano seguinte teve aulas com Pedro Alexandrino, dedicando-se a pintura de naturezas-mortas. Nesse período conheceu Anita Malfatti que também havia iniciado o mesmo curso.

Em 1920 foi estudar em Paris estudar pintura e escultura onde conviveu com grandes artistas dessa época. Regressou a São Paulo dois anos mais tarde e embora não tenha participado da Semana de Arte Moderna acompanhou todo o movimento de Paris e integrou-se ao modernismo, juntando-se ao Grupo dos Cinco, composto por Anita Malfatti, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.

Tarsila sempre gostou de viajar tanto pelo Brasil como para o exterior e em uma de suas viagens para Minas Gerais encontrou-se com as de sua infância e apaixonou-se pelas decorações populares das casas da região.

Nesse período juntou-se ao Movimento Pau-Brasil que durou cerca de três anos de 1924 a 1927 e contou com os artistas Oswald de Andrade com que namorava nessa época, Mario de Andrade, Blaise Cendrars, Goffredo Silva Telles e Olívia Guedes Penteado.

Suas pinturas encheram-se de brasilidade, levando para suas telas as cores da natureza, a cultura popular, o homem rude e as paisagens rurais. São pinturas dessa época: Morro da (1924), O vendedor de frutas (1925) e Paisagem com touro (1925).

Também fez exposições em Paris em 1926 e no mesmo ano casou-se com Oswald de Andrade.

Em 1933, Tarsila pintou a tela Operários e deu início a uma nova fase – Fase Social – que dura aproximadamente quatro anos, sendo a pioneira nessa temática no Brasil. Suas telas estamparam a realidade dos operários.

A classe operário no Brasil teve grande impacto na vida social e na política do país por décadas. Um operário não tinha direitos trabalhistas e trabalhava até 15 horas diárias, e eram os mais explorados. Em 1928, para presentear seu marido, Tarsila pinta o quadro Abaporu.

A do nome da tela vem do Tupi-guarani e significa Aba (homem) e Poru (comer). Tarsila descreve o quadro como sendo imagens de seu subconsciente, sugeridas por histórias que ouvia quando criança.
A partir desse momento ela e o marido criam o movimento artístico e literário Antropofágico que tinha como proposta assimilar outras culturas, porém não copia-las. O nome vem do grego e significa antro (homem) e fagia (comer). São obras dessa fase: O Ovo (1928), Floresta (1929), Sol Poente (1929) entre outros.
Em 1970, a artista realizou em São Paulo e no Rio de Janeiro exposições sobre seus 50 anos de carreira – Tarsila: 50 anos de Pintura. Faleceu em São Paulo no dia 17 de janeiro de 1973.

Abaporu, a tela brasileira mais valorizada no mundo - Tarsila do Amaral (foto de 1925 - O Estado de São Paulo).Tarsila do Amaral (foto de 1925 – O Estado de São Paulo)

Texto introdutório desta matériaImagens & História 2.0

Biografia de Tarsila do Amaral por Liane Carvalho Oleques  Mestre em Artes Visuais (UDESC, 2010).  Graduada em Licenciatura em Desenho e Plástica (UFSM, 2008), publicada no Portal InfoEscola. 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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