Acaba-se Agosto – que as doenças do corpo e da alma sejam carregadas por Omolú
Acaba-se Agosto – que as doenças do corpo e da alma sejam carregadas por Omolú
Obaluaiyê, Obaluwaye, Omolu ou Xapanã é o orixá da varíola e das doenças contagiosas, ele também é responsável pela catalepsia, epilepsia e pela convulsão. Responsável pela terra, é ligado simbolicamente ao mundo dos mortos. Senhor das doenças, especialmente as epidêmicas como a varíola; e de suas respectivas curas.
No dia 16 de agosto, comemoramos o “Dia de Omolú/Obaluaiê“, o senhor das doenças,o responsável pela passagem dos espíritos do plano material para o espiritual. A data é escolhida a partir do sincretismo religioso entre Omolú/Obaluaiê com São Roque, santo católico comemorado em 16 de agosto. O mês de agosto é dedicado a Omolú.
Obaluàyé é um termo iorubá que significa “rei e senhor da terra”: Oba (rei) + Aiye (terra). Também é conhecido como Babá Igbona = pai da quentura). Outra corrente o define como: Obàluáyê: Obá – ilu; aiye; rei, dono, senhor da vida na terra; Omolu; Omo-ilu; rei, dono, senhor da vida. Obaluaye é identificado no jogo do merindilogun pelos odus Irosun, Ossá, Êjilobon e representado materialmente e imaterial no candomblé através do assentamento sagrado denominado igba obaluaye. É considerado a energia que rege as pestes como a varíola, sarampo, catapora e outras doenças de pele. Ele representa o ponto de contato do homem (físico) com o mundo (a terra). A interface pele/ar. No aspecto positivo, ele rege e cura, através da morte e do renascimento.
Omolu é cultuado como o orixá residente no cemitério responsável pela triagem dos mortos. Normalmente, quando um elegun ou filho de santo o incorpora no terreiro, tem sua cabeça coberta por um pano da costa em sinal de tradição e respeito, pois o orixá geralmente nunca mostra o rosto em razão de suas feridas, algo que é explicado pela sua mitologia.
Conforme a mitologia Iorubá, Obaluaiê é filho de Nanã e Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e de marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos, já que Nanã seduzira Oxalá, mesmo sabendo que ele era interditado por ser o marido de Iemanjá.
Ao ver o filho feio e malformado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar, para que a maré-cheia o levasse. Iemanjá o encontrou quase morto e muito mordido por caranguejos, e, tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. No entanto, Obaluaiê ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas. Não se via de Obaluaiê senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido. Aprendeu com Iemanjá e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Obaluaiê, sempre coberto por palhas, escondendo-se das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas, assustadas com o homem coberto desde a cabeça até os pés com palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada. Obaluaiê, triste e angustiado, saiu do povoado e continuou caminhando pelos arredores, observando as pessoas. Durante este tempo, os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola e os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.[5]
Ainda com fome e sede, Obaluaiê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens os alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiê disse que jamais negassem alimento e água a quem quer que fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu seu caminho.
Chegando à sua terra, encontrou uma imensa festa dos orixás. Como não se sentia bem entrando numa festa coberto de palhas, ficou observando pelas frestas da casa. Neste momento, Iansã, a deusa dos ventos, o viu nesta situação e, com seus ventos levantou as palhas, deixando que todos vissem um belo homem, já sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade. E dançou com ele pela noite adentro. A partir deste dia, Obaluaiê e Iansã se uniram contra o poder da morte, das doenças e dos espíritos dos mortos, evitando que desgraças aconteçam entre os homens.
Dança
Sua dança, o opanijé (cuja tradução é: “ele mata qualquer um e come”), nela dança curvado para frente, como que atormentado por dores, e imita seu sofrimento, coceiras e tremores de febre.
Símbolos
Tem, como emblema, o xaxará (Sàsàrà), espécie de cetro de mão, feito de nervuras da palha do dendezeiro, enfeitado com búzios e contas, em que ele capta das casas e das pessoas as energias negativas, bem como “varre” as doenças, impurezas e males sobrenaturais. Esta representação nos mostra sua ligação a terra.
Na Nigéria, os Owo Érindínlogun adoram Obàluáyê e usam, no punho esquerdo, uma tira de Igbosu (pano africano) onde são costurados cauris esó (búzios).
Vestimenta e Comidas
A vestimenta é feita de ìko, é uma fibra de ráfia extraída do Igí-Ògòrò, a palha da costa, elemento de grande significado ritualístico, principalmente em ritos ligados à morte e ‘o sobrenatural, sua presença indica que algo deve ficar oculto. É composta de duas partes: o “filá” e o “azé”. A primeira parte, a de cima, que cobre a cabeça, é uma espécie de capuz trançado de palha da costa, acrescido de palhas em toda sua volta, que passam da cintura.
O azé, seu asó-ìko (roupa de palha), é uma saia de palha da costa que vai até os pés em alguns casos. Em outros, acima dos joelhos, por baixo desta saia, vai um xokotô, espécie de calça, também chamado “cauçulu”, em que oculta o mistério da morte e do renascimento. Nesta vestimenta, acompanham algumas cabaças penduradas, onde supostamente carrega seus remédios. Ao vestir-se com ìko e cauris, revela sua importância e ligação com a morte. A palha da costa é mais encontrada no norte do Brasil.
Festa
A festa anual é o Olubajé (Comida do rei senhor). São feitas e distribuídas no mínimo nove iguarias da culinária afro brasileira (comida ritual), seus “filhos” devidamente “incorporados” e paramentados oferecem aos convidados e assistentes, em folhas de mamona ou bananeira (aguede), no sentido de prolongar a vida e trazer saúde . Omolú gosta de cores como o Vermelho, preto, roxo, branco
Saudação: Valei-me, meu pai Atotôo (quer dizer silêncio, repeito) Obaluayê!
Fonte: Wikipédia e As Chaves da Magia https://aschavesdamagia
Edição: Xapuri