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ACORDO ORTOGRÁFICO: AGORA É PRA VALER!

Acordo Ortográfico de 1990: Entenda as Regras e Suas Controvérsias

O Acordo Ortográfico de 1990, que reformula as regras de escrita do português, continua a ser um tema de debate e controvérsia. Este acordo visa uniformizar a língua portuguesa, promovendo uma padronização que facilite a comunicação entre os países lusófonos. No entanto, a implementação das novas regras gerou discussões sobre a eficácia e a necessidade dessas mudanças.

O Que é o Acordo Ortográfico de 1990?

O Acordo Ortográfico de 1990 é um tratado que busca unificar as normas ortográficas do português. Assinado por oito países — Portugal, , Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, , Guiné-Bissau e Timor-Leste — o acordo entrou em vigor em 2009 no Brasil e foi obrigatoriamente adotado a partir de 1º de janeiro de 2016.

A principal intenção é criar um padrão ortográfico único para facilitar o intercâmbio cultural e a comunicação internacional entre os países lusófonos.

Controvérsias e Críticas

O Acordo Ortográfico surgiu com a promessa de simplificar e unificar a escrita do português. No entanto, essa tentativa de uniformização enfrenta críticas. Muitos argumentam que o português falado em Portugal e no Brasil são suficientemente distintos para que uma única ortografia possa atender às necessidades de todos os falantes. A diversidade linguística dentro da língua portuguesa levanta questões sobre a eficácia de uma padronização universal.

Além disso, há uma preocupação de que mudanças aparentemente pequenas possam ter um impacto significativo no uso diário da língua, gerando confusão e resistência entre os falantes. A questão fundamental é se é possível ou desejável uniformizar a escrita de uma língua tão rica e variada.

Mudanças Principais no Acordo Ortográfico

O Acordo Ortográfico introduziu diversas alterações nas regras ortográficas do português. Abaixo estão as principais mudanças:

  1. Alfabeto

    O alfabeto português foi ampliado para incluir as letras “k”, “w” e “y”, que antes eram consideradas estrangeiras. Com a adição dessas letras, o alfabeto passou a ter 26 letras, alinhando-se ao alfabeto inglês e a outros idiomas ocidentais. Essa mudança facilita a integração de palavras estrangeiras e termos técnicos.

  2. Trema

    O trema foi abolido da ortografia portuguesa. Embora a pronúncia das palavras não tenha mudado, a grafia foi simplificada. Exemplos incluem palavras como “cinquenta”, “tranquilo” e “consequencia”. No entanto, nomes próprios de origem estrangeira, como “Müller” e “Bündchen”, mantêm o trema.

  3. Ditongos Abertos

    As palavras paroxítonas (com a sílaba tônica na penúltima posição) que contêm ditongos abertos (ei, oi) não são mais acentuadas. Exemplos incluem “assembleia”, “plateia”, “ideia”, “joia”, “jiboia” e “apoio”. No entanto, alguns casos permanecem com acento, como “destróier” e “Méier”, que são paroxítonas terminadas em “r”.

    Para palavras oxítonas (com a sílaba tônica na última posição) e monossílabos, os ditongos abertos continuam a ser acentuados, como em “herói”, “constrói”, “dói”, “chapéu”, “troféu” e “céu”.

  4. Acento Diferencial de Tonicidade

    O acento diferencial, utilizado para distinguir palavras com a mesma forma mas com significados diferentes, foi eliminado. Exemplos incluem palavras como “vou para ” e “ele não para de trabalhar”. No entanto, o acento em “pôr” (o verbo) e “pôde” (passado do verbo “poder”) continua a ser mantido. O acento de “fôrma” (distinto de “forma”) é agora facultativo.

  5. Acento Agudo sobre o “u” e “i”

    O acento agudo sobre o “u” tônico das formas verbais rizotônicas (com sílaba tônica na raiz) que são precedidas por “g” ou “q” e seguidas por “e” ou “i” foi removido. Exemplos incluem “argui”, “apazigue”, “averigue” e “enxague”. Além disso, o “u” e o “i” tônicos precedidos de ditongo em palavras paroxítonas, como “feiura”, “bocaiuva” e “baiuca”, não são mais acentuados.

  6. Hífen

    As regras sobre o uso do hífen sofreram várias alterações. As novas normas visam simplificar a grafia das palavras compostas, mas ainda geram dúvidas. Para esclarecer as regras, é recomendável consultar o VOLP – Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, disponível em www.academia.org.br.

Impacto das Mudanças

No Brasil, as alterações impostas pelo Acordo Ortográfico afetaram cerca de 0,5% do vocabulário nacional, enquanto nos demais países lusófonos o impacto foi de aproximadamente 1,6% do vocabulário. A adoção das novas regras foi gradual e muitas das mudanças foram prontamente assimiladas pelos falantes.

No entanto, o processo de adaptação continua e ainda pode gerar dúvidas e resistência entre alguns usuários da língua.

O Futuro da Ortografia Portuguesa

Embora o Acordo Ortográfico tenha buscado simplificar a escrita e promover uma padronização, a língua portuguesa continua a evoluir e a se adaptar às necessidades de seus falantes. A diversidade linguística dos países lusófonos é uma característica importante e qualquer tentativa de unificação ortográfica deve levar em conta essa .

O debate sobre o Acordo Ortográfico evidencia a complexidade de tratar uma língua que é ao mesmo única e plural. O importante é que a evolução da língua respeite suas variações regionais enquanto busca uma maior coesão entre os países que compartilham o português como língua oficial.

O Acordo Ortográfico de 1990 trouxe mudanças significativas para a escrita do português, visando a uniformização entre os países lusófonos.

Embora as novas regras tenham sido implementadas para facilitar a comunicação e a integração cultural, a sua aceitação e impacto variam entre os diferentes países e suas respectivas populações.

A compreensão das regras e a adaptação contínua são essenciais para o uso correto e eficaz da língua portuguesa em sua forma padronizada.

Para mais informações sobre as regras do Acordo Ortográfico e para tirar dúvidas sobre a ortografia portuguesa, o VOLP é um recurso útil e acessível. A evolução da língua portuguesa continua, e as mudanças ortográficas são apenas um dos muitos aspectos dessa rica e dinâmica língua.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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