Adeus, Monarco!
Luto no Samba! Morre Monarco, presidente de honra da Portela – Sambista portelense deixa um legado imensurável para a cultura brasileira
Em 1950, aos 17 anos, Monarco ingressou na ala de compositores da azul e branca de Oswaldo Cruz e Madureira. Seu padrinho e incentivador foi Alcides Malandro Histórico, um dos maiores poetas da história da Portela. O baluarte portelense ingressou em meados dos anos 40 no Bloco Primavera e também chegou a atuar como diretor de harmonia da Portela. Monarco nunca teve um samba-enredo de sua autoria levado pela escola na avenida em um carnaval.
Em meados da década de 1960, deixou a Portela e entrou para a Unidos de Jacarezinho (para a qual compôs “História de Vila Rica do Pilar – a descoberta do ouro” para o carnaval de 1970 e ‘Homenagem a Geraldo Pereira’ para o carnaval de 1980), mas retornou à Portela em 1969, tornando-se responsável pelo grupo Velha-Guarda da Portela. Monarco alçou patamar de sambista respeitado ao gravar em 1970 o álbum “Portela, passado de glória”, produzido por Paulinho da Viola. Passou a liderar a Velha-Guarda da Portela após a morte de Manaceia.
Monarco possui um rosário seleto de composições que marcaram a história do samba em 60 anos de uma trajetória marcada pela fidalguia e a valorização do samba. Obras como “De Paulo a Paulinho”; “Lenço”; “Nunca vi você tão triste”; “Passado de glória”; “Portela desde criança”; “Proposta amorosa”; “Quitandeiro”; “Tudo menos amor” e “Vai vadiar”, são obrigatórias no embalo de qualquer roda de samba que se prese.Presidente de honra da Portela desde 2013, quando o grupo político que hoje comanda a escola assumiu agremiação, Monarco deixa um legado imensurável para a cultura brasileira. Ainda jovem fez parte do grupo de sambistas que era perseguido pela polícia, pois samba era uma manifestação marginal, coisas do racismo estrutural que assola a sociedade brasileira há séculos. “Pandeiro era porte de arma”, disse várias vezes o sambista, morto aos 88 anos de idade.
Além de milhares de fãs, Monarco deixa uma família que certamente conduzirá para sempre o seu legado. Seu filho Mauro Diniz é arranjador e cavaquinista, além de compositor de sucessos gravados por boa parte de intérpretes da MPB. A neta, Juliana Diniz, filha de Mauro Diniz, é atriz e cantora com disco solo. Marcos Diniz, o outro filho, além de compositor de sucessos, faz parte do Trio Calafrio. Em 2004 casou-se com Olinda, sua companheira dos últimos anos.






