Divino, meu Divininho …
Iêda Vilas-Bôas
Olha, amor!
Rezei preces à Virgem Maria
Apeguei-me com Santas poderosas
A das causas impossíveis,
A que desata nós
A que restitui visão aos cegos.
Fui cega. Admito!
Cantei as tristes cantigas em Yorubá
Tudo em vão.
Meu amor não estava lá.
Recorri aos Orixás
Devotei-me aos Santos todos
Desci além mar
Subi pedreiras
Banhei-me em cachoeiras.
Acendi velas
De cores verde, branca, vermelha
E amarela
Fogo queimou
Pavio apagou
Nada, amor!
Dancei no afoxé,
Ouvi tambores
Enviei clamores.
Nada, amor!
O consolo que me resta
É essa grande festa
Que em alvorada
Desperta devotos
E envolve a todos
Em nuvem de fé
Tento aplacar meu pranto
Que, de verdade, nem sei qual é.
Um quebranto
Banzo.
E faço meu apelo
Ao Divino Espírito Santo.
Divino, Senhor poderoso e querido
Leva de mim minhas dores
Carrega de mim a tristeza
Retira esta morrença
Que ronda meu sono
Que amortece filetes esperança
Que entorpece minha mente
Encharca minha alma doente
Divino, meu Divininho …
Tem de piedade de mim
A mais vil das pecadoras
Precisa de sua proteção
Sem bandeira, sem tradição
Trago os sonhos rotos
Perdidos em ilusão.