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As presidenciáveis

As presidenciáveis

Na história recente, tivemos uma presidenta eleita e reeleita, a Dilma Rousseff (PT), e muitas outras candidatas à Presidência da República, como a Marina (pelo PV e depois pelo PSB; hoje na Rede), a Heloísa Helena (então no PSOL; hoje na Rede) e a Luciana Genro (PSOL)…

Por Márcio Santilli/via Mídia Ninja

Ainda não tivemos uma vice-presidenta eleita, mas também houve várias candidatas, como a Sonia Guajajara (PSOL), Manuela D’Ávila (PCdoB), a Ana Amélia (então no PP; hoje no PSD) e a Kátia Abreu (então no PDT; hoje no PP).

Com o término do prazo para a realização das convenções dos partidos para a escolha de candidat@s às eleições de outubro, foram indicad@s 12 postulantes à Presidência e 11 à Vice-Presidência, já que José Eymael (DC) ainda não indicou um(@) vice. Dentre el@s, há quatro candidatas à Presidência: Simone Tebet (MDB), Sofia Manzano (PCB) Soraya Thronicke (União ) e Vera Lúcia (PSTU). Há ainda outras cinco candidatas à vice: Ana Paula Matos (PDT), Fátima Pérola Negra (PROS), Kunã Yporã (PSTU), Mara Gabrilli (PSDB) e Samara Martins (UP).

Embora os candidatos que aparecem em primeiro e em segundo lugar nas pesquisas de intenção de votos liderem chapas masculinas, Lula (PT)/Alckmin (PSB) e Bolsonaro/Braga Neto (ambos do PL), há duas chapas femininas,Tebet/Gabrilli e Vera/Kunã, e outras cinco mistas: Ciro Gomes (PDT)/Ana Paula, Pablo Marçal (PROS)/Fátima vice e Soraya/Marcos Cintra (União Brasil). A chapa do PROS está sub judice.

Ana Paula Matos Reproducao Twitter

Ana Paula Matos / Foto: Reproducao Twitter

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Fátima Pérola Negra / Foto: Reproducao Youtube

Circunstâncias

Vera Lúcia é negra, nordestina e atua no movimento sindical. Já foi candidata à Presidência em 2018 e obteve 55.762 votos, ou 0,05% dos votos válidos. Com a indígena Kunã Yporã, também conhecida como Raquel Tremembé como vice, essa chapa, além de feminina, é uma composição interétnica. Vamos ver se, nessa situação, ela agrega votos.

Sofia e Samara representam outros pequenos grupos de e as suas presenças no processo eleitoral buscam marcar posições políticas, sem maiores pretensões eleitorais. Assim, como o PSTU, seus partidos disporão de irrisório no horário gratuito de rádio e TV. 

A candidatura da Fátima ainda dependerá de uma disputa judicial pela presidência do PROS e a sua indicação poderá ser anulada.

Ciro Gomes candidata-se pela quarta vez à presidência. Em 2018, disputou com Kátia Abreu como vice e chegou em terceiro lugar no primeiro turno, com 13,3 milhões de votos, 12,5% dos votos válidos. Agora, apesar de seguir em terceiro lugar nas pesquisas, não conseguiu fazer alianças com outros partidos. Também está repetindo a fórmula mista, ao escolher uma vice do próprio PDT, a Ana Paula Matos, atual vice-prefeita de Salvador.

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Kunã Yporã. Foto: Reproducao Redes Sociais

Mara Gabrilli Geraldo Magela Age%CC%82ncia Senado

Mara Gabrilli. Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

Tebet é senadora desde 2014, teve participação destacada na CPI sobre a , já foi prefeita de Três Lagoas (MS) e vice-governadora do Mato Grosso do Sul. Vem mantendo a sua postulação há meses, no âmbito da chamada “terceira via”, e, apesar de notórias defecções dentro do próprio MDB, tem o apoio da federação PSDB-, que indicou Gabrilli para a sua vice. Esta foi eleita senadora por , em 2018, com 6,5 milhões de votos, e tem atuação destacada na defesa dos direitos das pessoas portadoras de necessidades especiais. Essa é a chapa feminina com melhores condições para crescer.

A candidatura da Soraya apareceu de forma inesperada, após a desistência de Luciano Bivar, presidente do União Brasil, legenda resultante da fusão entre o PSL e o DEM. Depois de deixar para trás as pré-candidaturas dos ex-ministros Luís Henrique Mandetta e , Bivar ungiu Soraya na última hora, após uma longa conversa com Lula.

Contradições

Simone Tebet Waldemir Barreto Age%CC%82ncia Senado

Simone Tebet. Foto: Waldemir Barreto /Agência Senado

Soraya Thronicke Geraldo Magela Age%CC%82ncia Senado

Soraya Thronicke. Foto: Geraldo Magela / Agência Senado

Vera Lu%CC%81cia Romerito Pontes Wikipedia

Vera Lúcia. Foto: Romerito Pontes – Wikipedia

Dos 156.454.011 eleitores aptos a votar nas eleições de outubro, 82.373.164 (53%) são e 74.044.065 (47%) são homens. Em tese, essa correlação favorece o crescimento das candidatas. Os candidatos que lideram as pesquisas são conhecidos do conjunto dos eleitores e se beneficiam do recall de pleitos anteriores, enquanto as candidatas, à exceção da Vera Lúcia, disputam pela primeira vez as eleições presidenciais. É provável que cresçam, em alguma medida, quando ficarem mais conhecidas.

Tornarem-se melhor conhecidas nacionalmente não é consequência óbvia de qualquer campanha. O país tem extensão continental e são elevados os custos associados, de comunicação, transporte e segurança. Vera Lúcia e Sofia só terão 7 segundos de exposição em cada bloco do horário gratuito no rádio e na TV. Bem melhor é a situação da Simone e da Soraya, ambas com 2 minutos e 16 segundos, tempo só inferior aos do Lula, 3 minutos e 20 segundos, e do Bolsonaro, 2 minutos e 40 segundos.

Samara Martins averdade.org .br wikipedia

Samara Martins. Foto: averdade.org.br – wikipedia

Sofia Manzano Reproducao Twitter

Sofia Manzano. Foto: Reproducao / Twitter

Porém, há uma relação de antropofagia eleitoral entre as duas candidatas que mais dispõem de ativos partidários. Ambas são senadoras pelo Mato Grosso do Sul e vão dividir os votos na sua principal base eleitoral. Há que se perguntar porque Bivar, ao desistir da sua candidatura, promoveu, justamente, uma candidata do MS. Seria para dificultar uma eventual decolagem da Simone, numa retaliação por não ter sido ele acolhido como o candidato da “terceira via”?

Lula se mantém como favorito até nas pesquisas contratadas por Bolsonaro. Mas ainda é incerta a diferença entre as preferências por Lula e a soma das que indicam outros candidatos. Pelo último DataFolha, Lula teria 52% dos votos válidos, vencendo no primeiro turno. Mas é uma diferença que está dentro da margem de erro dessa pesquisa e que também oscila em outras.

O eventual crescimento das candidatas presidenciáveis deveria tirar votos, em alguma medida, dos candidatos favoritos. Segundo as pesquisas, Lula é o preferido entre as mulheres, enquanto Bolsonaro lidera em Mato Grosso do Sul. Bolsonaro pode perder votos pelo viés regional e, Lula, pelo viés de gênero. É improvável que esse eventual crescimento leve alguma candidata à vitória, mas pode ser decisivo para jogar a disputa para o segundo turno, que tende até agora a acontecer entre as duas chapas masculinas.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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