As virtudes das flores

As virtudes das flores

Por Henda

Por longo , os homens dependeram exclusivamente das para sanar seus males.

Todos os da possuem seu de conhecimentos utilitários sobre a flora que os rodeia.

Hipócrates, o “pai da Medicina”, listou algumas centenas de plantas, muitas das quais prestam serviço até hoje.

Plínio, o naturalista romano do século I, conhecia os vegetais de uso em poções salutíferas.

No século VI, Paracelso, o grande alquimista e médico suíço, dedicou-se ao minucioso das plantas e do espírito das plantas, deixando preciosas indicações para a aplicação medicinal e esotérica de grande número de ervas e flores.

Nos claustros antigos, o cultivo de variados espécimes do reino vegetal era tarefa importante para os monges. Junto ao jardim dos mosteiros, onde se espalhavam plantas ornamentais, os frades mantinham um jardim de “prazer” e de “cura” – o herbularis – que servia à mesa e à com a qual socorriam os doentes.

Grandes conhecedores da “Farmácia do Bom Deus”, como dizem os franceses, são os ciganos que, há séculos, transmitem de geração a geração os segredos dos meios oferecidos pela flora para a manutenção da . À colheita das plantas e ao preparo de poderosas panaceias consagravam-se as velhas avós que, por sua vez, aprenderam com suas avós gadjé as misteriosas mezinhas que garantiriam a saúde de seus netos.

O interesse pelas virtudes curativas das flores, folhas e atravessou os e hoje é revivido não somente por grande número de pessoas que buscam alternativas para as fórmulas químicas, como também pelos pesquisadores científicos, preocupados em ampliar suas informações sobre as qualidades vitais das plantas com o objetivo de descobrir sua validade para a vida humana.

Henda – Escritora, em Segredos de Tias e Flores.  Editora Relume & Dumará, 1994.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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