Bolo de Abacaxi

BOLO DE ABACAXI

Bolo de Abacaxi

Bolo é quase que obrigação aqui em casa. Vai daí que há sempre um bolo para um chá ou café. O de abacaxi é dos preferidos, e a receita que trago aqui, criação minha, na regra “do que tem”, que nosso neto Nilo ama e festeja sempre que aqui chega.

Por Lúcia Resende 

A denominação “bolo do que tem” surgiu num dia em que o Nilo, de férias aqui em casa, veio para a cozinha seduzido pelo cheiro do bolo. Eu tenho hábito de fazer as massas meio “por rumo”, sem medida, como dizia minha mãe, e sempre usando o que tenho na cozinha. Por exemplo, na falta de leite, vai suco de fruta, ou água mesmo. Se tem uma fruta passando do ponto, é ela que entra na receita.

Pois bem, naquele dia, ao provar o bolo, Nilo perguntou de que era aquela delícia. Respondi de pronto que era “bolo do que tem” e lhe expliquei a minha prática. Agora, ele, já moço, vem raramente, mas sempre quer o bolo da casa, seja de queijo, frutas ou de qualquer ingrediente disponível!

Ingredientes

  • 3 ovos
  • 1 xicara de óleo
  • 2 xícaras de açúcar (1 para a massa e outra para o caramelo)
  • 3 ½ xícaras cheias de farinha de trigo
  • 2 xícaras de leite
  • 1 pitada de sal
  • 1 colher de sopa de fermento em pó
  • Canela (a gosto)
  • Fatias de abacaxi

Modo de fazer

Primeiro, caramelize bem uma forma com uma xícara de açúcar e reserve a outra para a massa. Sobre o caramelo, coloque as fatias de abacaxi e, se quiser, polvilhe levemente com canela.

No liquidificador, coloque os ovos, o óleo, uma xícara de açúcar, o sal e o leite. Bata bem e, em seguida, despeje em uma vasilha. Depois, vá peneirando a farinha, misturando bem, sem bater. Por último, o fermento. Despeje a massa na forma e asse em forno pré-aquecido.

P.S.: Na falta de abacaxi, pode usar banana, maçã ou outra fruta

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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