Ao tripudiar sobre Lula e morte de seu neto, Bolsonaro mostra que ele é a peste.

Ao tripudiar sobre e de seu neto, Bolsonaro mostra que ele é a peste.

Publicado por Carlos Fernandes
 
É simplesmente incalculável a maldade que está contida num homem que resolve tripudiar de um adversário político postando uma foto de quando este cumpria a inominável missão de enterrar o de seu neto de apenas 7 anos de idade.

O que Jair Bolsonaro fez hoje gratuitamente dá bem a medida do ser abjeto que é. Um monstro moral terminantemente incapaz de sentir qualquer sentimento de empatia, respeito ou por quem quer que seja.

Alguém que só encontra prazer pessoal através da dor e do sofrimento alheio. Que vê na tortura, na mentira e na imoralidade o seu alimento diário. Que expele crueldade, rancor e inveja por todos os seus poros a cada segundo de sua existência miserável.

Um excremento do universo que se para alguma serventia no existe é a de jamais deixar que esqueçamos o quanto o ser humano pode ser perverso e maligno.

O que vivemos hoje nesse país ultrapassa todo e qualquer martírio que uma pandemia letal de proporções bíblicas poderia causar.

A verdadeira doença que ora se espalha pelo nosso prescinde da carne, mas necrosa as nossas almas.

Nesses de escuridão resistir nunca se fez tão urgente e necessário. Já aqui não se discute a salvação de uma que a grosso modo de fato e de direito nunca existiu. O que agora se pretende resgatar é o que sobrou de nossa parca civilidade.

E para tanto, convém lembrar de Albert Camus, no seu clássico e agora mais do que nunca oportuno, A Peste:

“Se hoje a peste vos olha, é porque chegou o momento de refletir. Os justos não podem temê-la, mas os maus têm razão para tremer. Na imensa granja do universo, o flagelo implacável baterá o trigo humano até que o joio se separe do grão”.

Fonte: DCM     Publicado originalmente no Facebook de Carlos Fernandes 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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