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Brasil libera importação de farinha com trigo transgênico

libera importação de farinha com trigo transgênico produzida na Argentina

Por Brasil de Fato

A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), vinculada ao Ministério da , Tecnologia e Inovações, decidiu por unanimidade, nesta quinta-feira (11), liberar a venda de farinha com trigo transgênico HB4, produzido na Argentina.

Este será o primeiro produto com trigo geneticamente modificado comercializado no mundo.

O pedido de aprovação foi apresentado pela empresa Tropical Melhoramento & Genética (TMG), que pediu permissão para importar o trigo transgênico desenvolvido pela argentina Bioceres em parceria com a francesa Florimond Desprez. Foram dois anos e oito meses de embate até a aprovação.

A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) se posicionou contra a liberação da tecnologia. Entidades como a Campanha Permanente Contra os e pela e o Grupo de (GT) da Articulação Nacional de (ANA) enviaram ofício ao Ministério Público Federal (MPF) criticando a falta de transparência no processo de avaliação na CTNBio.

Riscos

Segundo essas organizações, as consequências do consumo humano do trigo transgênico e dos agrotóxicos utilizados em seu cultivo podem ser catastróficas.

“A possibilidade de que o trigo transgênico contamine as outras variedades de trigo é quase inevitável”, explicou a bióloga Alicia Massarini, integrante do coletivo de contrários ao HB4, do coletivo Trigo Limpio, em entrevista recente ao Brasil de Fato.

“É impossível que as sementes não se misturem no processo de armazenamento e transporte. No campo também, porque, mesmo que o trigo seja uma planta autógama, que fecunda a si mesma, uma pequena proporção de cerca de 3% pode experimentar polinização cruzada”, acrescentou a pesquisadora, lembrando que o Brasil não fez uma análise de riscos adequada e confiou “cegamente” nos critérios adotados pela Argentina.

Após dois anos e oito meses de embate, órgão federal autorizou a aquisição do produto, que será importado da Argentina

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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