Capivaras ajudam a preservar o Lago Paranoá
Pesquisa de Medicina Veterinária do Ceub revela que, apesar do aumento desta população durante a pandemia, animais não apresentam riscos de zoonoses e podem ser considerados amigas do Lago Paranoá, contribuindo para a preservação da orla e da qualidade da água.
O aumento populacional de capivaras no Distrito Federal, com os bandos habitando principalmente na orla do Lago Paranoá, divide opiniões. Apesar dos questionamentos sobre a transmissão de doenças, estudos técnicos de Medicina Veterinária minimizam esses riscos e revelam que esses animais contribuem para o equilíbrio do ecossistema aquático.
As capivaras auxiliam na manutenção da qualidade da água do Lago e garantem a sustentabilidade ambiental da região, grande parte em decorrência da dieta delas que consiste principalmente de capim, sobretudo encontrado em áreas alagadas, e de cascas e folhas de arbustos.
Pelos dados do Instituto Brasília Ambiental, que monitora das capivaras, de 300 a 400 indivíduos formam a manda existente em todo o DF. Uma quarta parte delas habita a orla do Lago Paranoá.
De acordo com o biólogo Thiago Silvestre, do Ibram, elas foram especialmente beneficiadas pela desocupação das franjas de preservação ambiental de 30 metros, criada pela legislação ambiental. Assim, elas ganharam um trânsito livre nas margens do Lago Paranoá.
Outra pesquisa qualitativa realizada por pesquisadores do Ceub, por meio de análise de artigos científicos sobre a temática, concluiu que a capivara não representa perigo em relação à transmissão de doenças para seres humanos e animais domésticos.
Segundo trabalho realizado no do Centro Universitário de Brasília (CEUB), o animal, que ocupa 25% da orla do Lago Paranoá, tem pouca relação com infestação de carrapatos, não sendo ele o principal hospedeiro nem o vetor principal de zoonoses.
Eles ajudam a manter o equilíbrio do ecossistema e que o aumento da ocupação em áreas urbanas se deu pela ausência do fluxo humano durante a pandemia.
Capivaras controladas
De acordo com Carlos Eduardo Rezende, um dos autores do estudo, o aumento da ocupação em áreas urbanas se deu pela ausência de fluxo humano durante a pandemia.
“Ainda que as capivaras não representem perigo à população, é necessária a atuação de profissionais capacitados junto aos órgãos públicos para manter o controle da população desta e de outras espécies silvestres, favorecendo as práticas de sustentabilidade e educação ambiental”, afirma Rezende.
Orientadora do estudo, a professora de Medicina Veterinária do Ceub, Francislete Melo, frisa que, frequentemente, quando o tema é abordado pela mídia, surgem preocupações relacionadas a possíveis doenças:
“É importante esclarecer que a população de capivaras está controlada e não representa uma ameaça significativa. Elas não são portadoras de vetores importantes para a transmissão de doenças”.
Segundo a docente, é essencial alertar que as capivaras não devem ser tratadas como animais de estimação. Elas são selvagens e não podem ser mantidas dentro de casa ou em qualquer ambiente doméstico.
“Esse cuidado se estende a todos os animais selvagens, não apenas às capivaras, devido ao risco de transmissão de doenças entre humanos e animais, além do estresse causado pela interação inadequada com o ambiente urbano”, considera.