CARTA PARA ZEZÉ WEISS: 70 ANOS DE VIDA, LUTA E POESIA

CARTA PARA ZEZÉ WEISS: 70 ANOS DE VIDA, LUTA E POESIA

🌿 Carta para Zezé Weiss – Por seus 70 anos de Vida, Luta e Poesia

No dia 19 de março, a editora e fundadora da Revista Xapuri completou 70 anos de vida. Este celébre dia contou com as felicitações do coletivo do Acre, companheiras e companheiros, amigas e amigos, de vida e de luta, que realizaram esta linda homenagem a Zezé Weiss:

Zezé querida,

Setenta anos parece pouco (tempo) para quem tem a alma feita de eternidade. Zezé Weiss

Celebrar a tua vida é celebrar as palavras que florescem da terra, os sonhos que brotam da justiça, a esperança que se veste de Cerrado, de Amazônia, de Povo e de Poesia. Zezé Weiss

Neste dia tão especial, queremos te oferecer um gesto simples, mas cheio de sentido: uma cesta com os sabores extraídos da floresta que você tanto ama, um pouco do Acre que habita tua escrita, tua luta, tua terna e eterna militância. Zezé Weiss

WhatsApp Image 2025 03 19 at 19.27.26 1
Presente do coletivo para Zezé Weiss – Cesta com os sabores extraídos da floresta e comidas típicas da região norte do país.

Cada folha, semente, aroma e sabor que viaja contigo nesta cesta carrega a força da tua caminhada. Porque você é ponte entre mundos, entre tempos, entre sonhos. Você é raiz que finca, palavra que denuncia, flor que resiste. Zezé Weiss

Editora de utopias, jornalista da esperança, militante da vida digna e da palavra que não se cala. Uma mulher que não apenas escreve a história: faz história.

Seu compromisso com a vida é inspiração para nós. A cada texto publicado, a cada causa abraçada, a cada encontro construído, você ensina que política também pode ser poesia, que justiça também pode ser afeto, que ativismo também pode ser cuidado.

Obrigada por ser essa luz teimosa que insiste, resiste e segue iluminando caminhos.

🌿 Das amigas, amigos, companheiras e companheiros que seguem contigo nesse sonho coletivo de um mundo melhor.

Por Júlia Feitoza, Marcos Jorge, Leide Aquino, Júlio Barbosa, Bernadete, Sergio Lopes, Cristina da Silva e Henrique de Almeida.

Fotos: Marcos Jorge

WhatsApp Image 2025 03 19 at 20.26.11
Júlia Feitoza e Marcos Jorge
WhatsApp Image 2025 03 19 at 20.38.53 e1742441886911
Cristina da Silva
WhatsApp Image 2025 03 19 at 20.22.52 1
Leide Aquino

 

Foto Julio Barbosa
Julio Barbosa
WhatsApp Image 2025 03 19 at 20.25.28 e1742432058127
Bernadete e Sergio Lopes
Henrique de Almeida
Henrique de Almeida – Foto: Acervo Pessoal/Reprodução

Deixe seu comentário

UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!