Che Guevara: Assassinado há 54 anos na Bolívia

Che Guevara: Assassinado há 54 anos na Bolívia 

Considerado um dos maiores guerrilheiros da História, o revolucionário foi morto aos 39 anos, em La Higuera, na Bolívia

Giovana Sanches e Celso Miranda /AventurasnaHistória  

Já era tarde da noite de 3 de novembro de 1966 quando o diplomata Adolfo MenaGonzález, de 38 anos, calvo e barrigudo, chegou ao aeroporto de La Paz, na Bolívia.

Cansado da longa viagem — havia passado por Moscou, Praga, Viena, Frankfurt, Paris, Madri e São Paulo, como mostrava seu passaporte uruguaio —, declarou aos fiscais da imigração que pretendia levantar dados para a Organização dos Estados Americanos. Liberado, seguiu para o centro da capital, onde se hospedou numa suíte do Hotel Copacabana.

Ali conheceu os irmãos bolivianos Guido e Roberto Peredo e com eles partiu de avião para Cochabamba, a 800 quilômetros de La Paz. Depois de mais três dias de viagem de jipe, chegou às margens do rio Ñancahuazú.

Em 7 de novembro, escreveu em seu diário: “Hoje começa uma nova etapa”. Só então revelou sua verdadeira identidade: González era, na verdade, o guerrilheiro Ernesto Che Guevara.

Depois de ter levado a Revolução Cubana à vitória em 1959, ao lado de Fidel e Raúl Castro, Che se dedicara a espalhar ideais revolucionários pelo mundo.

“Ele esteve no Congo em 1964, onde experimentou um terrível revés, e, de volta a Cuba, entrou na clandestinidade para trabalhar secretamente em seus novos planos: criar na um foco guerrilheiro que pudesse convulsionar todo o continente”, diz o historiador mexicano Jorge Castañeda em Che Guevara — A Vida em Vermelho.

“Na época, a América Latina parecia um grande tabuleiro da Fria, onde ondas de inspiração comunista esbarravam em ditaduras militares apoiadas pelos Estados Unidos.”

A Bolívia não fugia à regra. Em 1964, depois de duas décadas de instabilidade (em que sindicatos, Exército e latifundiários se digladiaram pelo poder), um golpe pôs no governo o general René Barrientos.

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Líder revolucionário Che Guevara / Crédito: Divulgação / Olga Shirnina

 

A Bolívia se tornou, então, um notório aliado dos Estados Unidos — naquela época, em termos de ajuda militar americana, o país só perdia para Israel. Era a nação mais pobre da América depois do Haiti.

Repressão, pobreza, presença imperialista: segundo as concepções políticas de Che, a Bolívia era perfeita para uma nova vitória revolucionária. Para colocar a teoria em prática, entretanto, era preciso recrutar uma equipe.

Em julho de 1966, enquanto Che permanecia incógnito, Raúl Castro, comandante das Forças Armadas de Cuba, convocou alguns veteranos da Revolução Cubana.

O capitão Harry Villegas Tamayo, o Pombo, estava presente e relembrou a cena em 2006, numa entrevista à revista chilena Punto Final.

“Raúl disse que havíamos sido chamados para integrar uma Brigada Internacional de Combatentes pela dos ”, afirmou. “A resposta foi um unânime “eu vou!” 

A tropa de elite passou por três meses de treinamento. Depois, todos seguiram por caminhos diferentes para a América do Sul. Já Che precisava de um bom disfarce para conseguir chegar à Bolívia sem ser notado. Cortou o cabelo e a barba, adotou óculos de lentes grossas e colocou uma prótese dentária que mudou sua fisionomia e sua voz.

No fim de outubro, visitou sua família pela última vez em Havana. Jantou com as filhas, apresentado a elas como tio Ramón. O disfarce funcionou — as meninas só saberiam que aquele era seu pai depois de receber a notícia de sua .

Bem-vindo à selva

A região do rio Ñancahuazú é coberta por uma mata densa, cortada por córregos e mangues. De repente, erguem-se elevadas ou abrem-se crateras e desfiladeiros, chamados na região de quebradas.

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Retrato do revolucionário Che Guevara, colorizado artificialmente / Crédito: Divulgação / Klimbim

Foi às margens das águas barrentas do Ñancahuazú que Che encontrou pela primeira vez sua tropa, instalada num sítio que haviam comprado na região para servir de disfarce temporário. Eram apenas 13 homens, entre veteranos cubanos e jovens bolivianos. Em novembro, Che inspecionou o primeiro acampamento na selva — duas cabanas sobre o chão barrento.

No início de dezembro, o líder anotou em seu diário (que depois seria publicado como Diário da Guerrilha Boliviana): “Não tenho os homens e as armas que esperava”. Che se referia à falta de ajuda do Partido Comunista Boliviano. Seu líder, Mário Monje, insistia em ter a palavra final sobre a guerrilha.

Todo o discurso político, porém, parecia muito distante naquela manhã de janeiro de 1967, em que a selva de Ñancahuazú afundava sob as chuvas de um verão amazônico. Foi quando os guerrilheiros liderados por Che deram os primeiros passos de sua quimera revolucionária. Já eram 27 homens que, em expedições diárias, se familiarizavam com o território. A fase de “implementação e infra-estrutura” durou quase dois meses.

Numa área de cerca de 140 quilômetros quadrados, estabeleceram postos de observação e abriram covas para estocar remédios, , armas e equipamentos de comunicação.

“Abrir trilhas e desenhar rotas para deslocamento e defesa não parecia uma missão perigosa, nem revolucionária, mas era cumprida com absoluta e disposição militar”, lembra Dariel Benigno Ramirez, um dos veteranos da guerrilha, em Memorias de un Soldado Cubano.

Seis contra cem

“O primeiro estágio está terminado. Os homens chegaram algo cansados, mas de modo geral conduziram-se bem”, anotou Che em 1º de fevereiro. O próximo passo seria treinar os combatentes para a sobrevivência na selva. Che, então, montou três grupos para uma expedição, prevista para durar 15 dias. No acampamento ficaram apenas quatro combatentes.

“A marcha era a principal atividade. Che, exigente com a disciplina, fazia o grupo caminhar em silêncio, mantendo uma distância de 20 metros entre um e outro”, relatou o capitão Villegas.

Andar uma dezena de quilômetros sob chuva, em trilhas enlameadas, podia levar o dia todo. Quando o grupo de Che tentou atravessar o rio Grande, o boliviano Benjamin Coronado Córdoba foi levado pela correnteza e morreu afogado. A primeira baixa da guerrilha viera antes do primeiro tiro ser disparado.

A volta foi ainda mais cansativa — a expedição já havia tomado quase um mês. Desde a chegada à Bolívia, Che tinha perdido 20 quilos. Sua barba voltara e ele sofria com ataques de asma, dores nas mãos e pés inchados.

No acampamento, sem notícias do resto do grupo, Vicente Rocabado e Pastor Barrera desertaram em 11 de março. A caminho da vila de Camiri, tentaram vender um fuzil e foram denunciados. Presos, falaram da guerrilha. E disseram que o líder era CheGuevara.

As forças armadas bolivianas foram colocadas em alerta. Em março, patrulhas saíram de Camiri para investigar a região. No dia 23, cerca de 40 militares estavam na margem direita do Ñancahuazú, carregando armamento pesado e avançando devagar.

Com a água batendo na cintura, os soldados tentavam atravessar o rio quando, por volta das 8h30, um tiro acertou o último homem da retaguarda. Após o estampido seco do fuzil, a selva cuspiu rajadas de metralhadora. Os soldados não viram quem os atingia. A ação, feita por sete guerrilheiros, deixou sete militares mortos, quatro feridos e 14 capturados. 

Os prisioneiros foram levados ao acampamento da guerrilha, onde receberam medicação e alimento. No dia seguinte foram soltos — aliviados de três morteiros de 60 milímetros, 16 pistolas Mauser, três submetralhadoras Uzi, dois rifles BZ, dois rádios, duas mulas, um cavalo e alguns pares de botas.

“Os soldados em serviço militar, mal treinados e mal armados, quando não foram simplesmente afugentados, sofreram fragorosas derrotas para a guerrilha que parecia, nos dois primeiros meses de conflito, invencível”, afirma o jornalista americano Jon Lee Anderson em Che Guevara – Uma Biografia.

Em 10 de abril, um grupo de cerca de 150 soldados apanhou de uma dúzia de guerrilheiros e acabou com dez mortos e 30 prisioneiros. A guerrilha sofreu apenas uma baixa: o veterano capitão Suarez Gayol, ex-ministro da Indústria do Açúcar em Cuba.

Alarmado, o governo boliviano buscou ajuda nos Estados Unidos e nos países vizinhos. De Argentina e Peru e, em menor escala, do recebeu apoio logístico, equipamentos e informações. Do norte, recebeu mais.

“O governo norte-americano promoveu um programa de treinamento para ações de contraguerrilha e forneceu armas automáticas relativamente modernas e outros equipamentos ao Exército boliviano”, diz um relatório do Departamento de Estado americano de maio de 1967.

Naquele mês, quatro oficiais e 12 fuzileiros navais chegaram à Bolívia para treinar 600 soldados. Outro documento, de 18 de maio, mostra que os americanos estavam preocupados com o eventual apoio popular aos rebeldes: “Entre eles, há médicos que tentam tratar das em lugarejos destituídos de qualquer outro tipo de assistência”.

Metade a menos

A presença dos militares dificultava o contato da guerrilha com La Paz. Lá, a argentina Tamara Bunke mantinha um esquema de apoio aos homens de Che — era a “rede urbana”.

 

Boa parte da comunicação com a capital era feita pelo filósofo francês Regis Debray (amigo e mensageiro de Fidel) e pelo artista argentino Ciro Roberto Bustos, que costumavam visitar os guerrilheiros. Em abril, com o Exército de prontidão, Debray e Bustos não conseguiam voltar a La Paz.

Por causa disso, no dia 17, Che tomou uma decisão que selaria o destino de todos: dividiu a guerrilha em dois grupos, um de avanço e outro de espera. Liderando o primeiro, Che tentaria ocupar o povoado de Muyupampa para, de lá, mandar os dois mensageiros a La Paz

Já a tropa de espera, sob o comando de Joaquín (Juan Vitalio Nuñez, membro do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba), aguardaria perto do povoado de Bella Vista. Che deveria voltar em três dias.

Ao se aproximar de Muyupampa, a tropa de avanço encontrou o jornalista inglês Tom Roth, que insistia em fazer uma entrevista. Apesar do risco, Che aceitou. Em troca, Roth deveria levar Debray e Bustos em seu carro até Camiri, a cerca de 300 quilômetros dali. Esforço inútil.

Em 20 de abril, Debray e Bustos foram presos. Após um mês de tortura, o francês acabou confirmando a presença de Che na selva. Já Bustos colaborou desde o primeiro dia, dando preciosas informações e até desenhando o rosto dos guerrilheiros. 

Em 25 de abril, o grupo avançado foi atacado pelo Exército. Che anotou: “Um dia negro”. Referia-se à morte de Eliseo Reyes, que havia combatido a seu lado em Cuba. Seguiu-se uma longa retirada pelo norte, na direção oposta ao ponto de encontro com Joaquín.

No dia 14 de junho, Che questionou até quando a idade permitiria que ele continuasse a ser guerrilheiro. “Por enquanto, ainda estou inteiro”, escreveu. Era seu aniversário de 39 anos.

Em agosto, Joaquín resolveu sair em busca de Che. Começou a busca na casa de Honorato Rojas, camponês que já havia servido de guia para a guerrilha. Depois de mais de 20 dias andando, o grupo acampou perto da casa de Honorato, em Vado del Yeso.

Ao amanhecer de 30 de agosto, Joaquín enviou homens até lá para pedir comida. Honorato prometeu algo para o dia seguinte. Enquanto isso, mandou o filho alertar o Exército.

Às 16h do dia 31, Joaquín apareceu e pagou a Honorato pela sopa de milho e pelos pães. Na volta, perto de um rio, os 16 guerrilheiros foram surpreendidos por tiros vindos das árvores. Dez morreram na hora, incluindo Joaquín.

Longe dali, sem saber de nada, Che escreveu que o mês de agosto fora “o pior desde o início da guerrilha”. Mas, esperançoso como sempre, considerou que o Exército não tinha aumentado “nem sua eficácia nem sua iniciativa”. Estava errado.

As notícias diziam também que a rede urbana em La Paz tinha sido desbaratada. Che percebeu que seus homens eram tudo o que lhe restava e, portanto, o único foco do Exército seria pegá-los. Estava certo.

O grupo mudou de rumo, em direção aos vilarejos de Pucará e La Higuera. Esperavam recrutar gente para a luta e conseguir comida. Em seu diário, Che anotou as dificuldades alimentares daqueles dias: “Urbano [codinome do cubano Leonardo Tamayo Nunes] matou um cavalo. Ao meio-dia tomamos seu sangue. De noite, assamos a cabeça e eu comi os olhos e o cérebro. Depois, sopa de frango.”

 

Em Vallegrande, maior cidade da região, estava o quartel da unidade militar treinada para combater a guerrilha: o Segundo Batalhão de Rangers. Mais de 2 mil militares estavam no encalço de Che.

Em contraste com a selva que a guerrilha havia enfrentado durante meses, a região próxima a La Higuera tem mata baixa e vegetação rala. Lá, na manhã de 7 de outubro, Che e seus 16 homens encontraram uma mulher idosa que caminhava com sua filha.

Temendo a delação, os guerrilheiros ofereceram à mulher 50 pesos pelo seu silêncio. A pobre senhora recebeu o dinheiro. E, assim que cruzou com militares, detalhou a posição exata dos barbudos.

Na madrugada do dia 8, o Exército bloqueou todas as rotas de fuga. Voltando de uma inspeção, dois homens de Che avistaram dezenas de soldados no alto do desfiladeiro. O grupo estava encurralado no fundo da quebrada de Yuro: uma garganta de 300 metros de comprimento e menos de 50 metros de largura.

Quatro deles caíram mortos. No tiroteio, Che foi atingido e não podia mais andar sozinho. Carregado pelo boliviano Simeón Cuba, ele permaneceu disparando até que um tiro arrancou a carabina de suas mãos. Che e Willy acabaram cercados e rendidos por militares bolivianos. Segundo o relato de um deles, o sargento Bernardino Huanca, o revolucionário teria lhe dito: “Não atire. Eu sou Che Guevara. Valho mais para você vivo do que morto”.

Dos homens de Che, dez escaparam da emboscada. Metade deles seria morta nos próximos dias. Apenas cinco sairiam das montanhas com vida (os bolivianos GuidoPeredo e David Veizaga voltariam à luta armada e acabariam mortos em La Paz, em 1969. Apenas os cubanos Urbano e Villegas ainda estão vivos).

No dia seguinte, perto das 13h, Willy e Chang foram executados. Pouco depois, naquele calorento 9 outubro de 1967, sentado numa sala com chão de terra, Che foi executado pelo tenente Mario Terán com uma rajada de fuzil. Para evitar indícios, não foram dados tiros na nuca ou na cabeça. 

A famosa imagem de Guevara em cores
A famosa imagem de Guevara em cores – Divulgação / Olga Shirnina
 


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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