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Consórcio Nordeste rebate governador de Minas e cobra redução de desigualdades

Consórcio Nordeste rebate governador de Minas e cobra redução de desigualdades

As declarações de Zema foram criticadas por políticos e figuras públicas de todos os lado, que as classificaram como xenófobas, racistas e separatistas

Por Mídia Ninja

O Consórcio Nordeste respondeu as declarações do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que defendeu em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, no último sábado (5), maior protagonismo econômico e político das regiões do Sul e Sudeste em detrimento do Norte e Nordeste. O grupo, liderado pelo governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB), reagiu às falas de Zema, destacando que a região, incluindo o próprio estado de Minas Gerais, vêm sendo penalizada nos projetos nacionais de desenvolvimento ao longo dos últimos anos.

Em nota oficial, o Consórcio Nordeste negou qualquer intenção separatista e reforçou seu lema: “O Brasil que cresce unido”. O grupo destacou que é hora de o país reconhecer o potencial do Nordeste como uma região capaz de contribuir para o crescimento econômico nacional e reduzir as desigualdades regionais, econômicas e sociais.

O governador de Minas Gerais chegou a comparar o Nordeste, o Centro-Oeste e o Norte com “vaquinhas que produzem pouco”, mas recebem “tratamento bom”. Já o Sul e o Sudeste, segundo ele, são as que “produzem muito” e não teriam o mesmo tratamento.

As declarações de Zema foram criticadas por políticos e figuras públicas de todos os lado, que as classificaram como xenófobas, racistas e separatistas.

Além disso, Zema foi questionado por não apresentar dados científicos que embasam suas ideias, especialmente sobre a pobreza e a fome no Brasil, cujo cenário é mais alarmante nas regiões Norte e Nordeste, conforme relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Veja a nota na íntegra:

O Consórcio Nordeste encerrou a nota enfatizando a importância de uma união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o país, como economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura. Afirmou que o Brasil só avançará ao combater as desigualdades, respeitar as diversidades, apostar na sustentabilidade e acreditar no potencial de seu povo.

“O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05 de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste, indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento.

O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns, buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdades regionais.

Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”.

Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das desigualdades regionais, econômicas e sociais.

É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.

Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las, mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.

A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na sustentabilidade e acredita no seu povo.

Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste, além de defendermos um Brasil cada vez mais forte e próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e infraestrutura.”

Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023.

João Azevêdo– Presidente do Consórcio Nordeste.”

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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