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De Hipátia a Ricardo Galvão

De Hipátia a Ricardo Galvão: A autoridade do conhecimento científico

Por OS ACADÊMICOS

A diretora da ABC Marcia Barbosa, professora titular da UFRGS, publicou o seguinte texto no blog Ciência e Matemática do jornal O Globo, em 23/7:

Hipátia estava preocupada. Apesar de ser uma cientista reconhecida pela sociedade de Alexandria do século V, ela precisava tomar a decisão mais difícil de sua vida: obedecer à autoridade política ou à autoridade do conhecimento.

Durante o governo de Oreste, um cristão tolerante com outros grupos religiosos e com as ideias científicas, ela conseguira fazer o seu trabalho de pesquisa sem maiores transtornos. Desenvolveu novos métodos matemáticos para realizar divisões com números enormes, construiu seus próprios instrumentos para observar o céu, como o hidrômetro e o astrolábio e editou um dos livros de Ptolomeu.

No entanto, o crescimento do poder político do cristianismo dentro do Império Romano era uma ameaça à liberdade de Hipátia. Em Alexandria, esta ameaça se personificava no bispo Cirilo, um homem que acreditava que sua palavra era não somente a autoridade política mas a verdade, independente das evidências dizerem o contrário.

O rancor que Cirilo tinha por Hipátia era um mistura de machismo por ela ser uma mulher articulada e de trânsito político, de temor por sua independência religiosa e de inveja por ela navegar com tanta habilidade na complexidade do conhecimento científico.

 

Contam alguns historiadores que uma das descobertas de Hipátia foi particularmente provocadora. Ela corrigiu, usando dados de astronomia, a data da Semana Santa estabelecida por Cirilo. Cirilo iniciou então uma campanha para desmoralizar Hipátia, propagando entre a população cristã a mentira de que ela era uma pagã demoníaca. Um dia, retornando de uma de suas observações do céu, Hipátia é arrancada de sua carruagem e é levada por uma milícia religiosa irada para dentro de uma igreja cristã onde é assassinada com requintes de crueldade.

 
Hoje, graças ao conhecimento científico, seres humanos podem viver até os oitenta ou noventa anos, quando na Idade Média a longevidade média da população era de 35 anos. Medicamentos, vacinas, produção agrícola em larga escala, mecanização, comunicação a longa distância são alguns dos avanços da ciência que melhoraram a vida da humanidade. Na questão agrícola, o conhecimento do céu promovido por Hipátia e negado por Cirilo foi fundamental para o controle do plantio.
 
Hoje vivemos novamente um momento em que as verdades inconvenientes trazidas pela ciência são desafiadas pelo poder político. Cientistas em todo o mundo reafirmam com evidências a validade das vacinas, a redondeza da terra e que as são uma realidade com consequências para toda a humanidade.

No , o prof. Ricardo Galvão, diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), é uma destas vozes. Ele afirma com dados levantados pelo INPE que o tem crescido no Brasil. O pesquisador por professar esta verdade inconveniente é acusado de mentiroso por um político sem formação científica. O governante acredita que sua palavra é não somente a autoridade política como a verdade, independente das evidências dizerem o contrário.

Ricardo, diferentemente de Hipátia, não está enfrentando a turba de difamadores sozinho. Somos muitos pesquisadores em todo o país e estaremos firmes ao lado dele apoiados pela autoridade do conhecimento e pela democracia. A primeira estabelece que o conhecimento se alicerça em evidências e a segunda limita o poder dos autoritários. Juntos e juntas podemos.


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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