Charles Feitosa: O meu lado da História

De que lado da história vocês pretendem ficar?  Camarada, nos anos 1970, 1980 e 1990, a coisa era difícil. O pobre não tinha crédito e os alimentos eram remarcados todos os dias…

“Solidariedade não é doar o que sobra, é repartir o que temos.” – Antonia Melo (Neném) – MST.

Por Charles Feitosa de Souza

Vivi para contar: o aluguel era caro, o emprego era escasso e eu, com apenas 15 anos de idade, perdi meu pai. Um mês depois, fiz 16 e ali, naquele momento,  vi minha mãe definhar lavando roupa, até mesmo por uma saca de arroz, senão morríamos de fome.

Em menos de seis meses, minha mãe foi obrigada a nos deixar sozinhos e ir para Brasília trabalhar, em uma época em que o único emprego oferecido para muitas mulheres de Formosa era o de empregada doméstica, e aqui as madames dos fazendeiros não queriam empregadas, mas sim escravas.

Muito cedo, tive que cuidar de seis irmãos, emprego aqui só de servente de obras e em fazendas. Com os aluguéis pela hora da morte, a gente naquela época só viveu porque insistiu em não desistir da luta.  A fome bateu muitas vezes à nossa porta, entrou e sentou-se à nossa mesa, se deleitando com a nossa condição de miseráveis. Eram tempos terríveis, incertos…

Aí chegou 2002, as coisas vão se ajeitando, a fartura chega, mercados abarrotados, os pobres com acesso ao crédito, consumo de bens, etc.  e etc.

As pessoas mais vulneráveis, que eram invisíveis, passam a ser enxergadas como as pessoas humanas que são, e muitas das que eram as pobres daquela geração, hoje conquistaram seus empregos concursados, viraram classe média e hoje humilham suas origens.

Claro, não estou generalizando, porque muitas pessoas daquela geração continuam com sua consciência social e acreditam que um outro mundo é possível, para elas e para o próximo, são as chamadas pessoas progressistas…

Só quem não sabe o que já foi a fome, só quem não teve que levantar cedo para ouvir seu filho lhe pedir o pão, que não havia como comprar, não sabe o valor que tem uma Bolsa Família.

Confúcio, o sábio chinês, já dizia em sua plena sabedoria: “Não faça aos outros o que não queres que te façam.” Um dia podes precisar da “esmola” que hoje recusas ao teu próximo. Já se levantou hoje e agradeceu a Deus pela mesa farta que você tem? Porque muitos, nessa política perversa do Estado mínimo,  não têm o alimento sagrado para saciar a fome.

Hoje, ao ouvir na Rádio Terra que a campanha para arrecadar alimentos terminaria, e que muitas famílias se cadastraram porque estão passando necessidades, fiquem pensando: E aí? Vamos por nossos filhos famintos no lugar dos filhos deles? O Estado mínimo é perverso, mas o mais perverso ainda é a desumanidade de algumas pessoas.

Pensem nisso, vocês podem ser os famintos de amanhã e seus filhos podem vir a ser os catadores das migalhas que caem das mesas dos arrogantes… De que lado da história vocês pretendem ficar?

Charles Feitosa  de Souza – Pedagogo. 


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