MULHERES E DESIGUALDADE SOCIAL
A desigualdade social no Brasil é uma das mais elevadas do mundo. De acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 2015, último ano de análise, o Brasil foi 79º país mais desigual (em uma lista de 188).
Apesar dos avanços sociais ocorridos nas últimas décadas (como a criação do Sistema Único de Saúde, a criação do Bolsa Família e a valorização do Salário Mínimo), que garantiram que o IDH brasileiro melhorasse continuamente desde 1990, em 2015 não houve melhorias.
Um dos principais motivos para esta estagnação, de acordo com o próprio PNUD, é a elevada desigualdade de gênero na sociedade brasileira. No ranking que considera somente o gênero, o Brasil caiu para a 92ª posição, atrás de países como a Líbia e a Malásia.
Essa desigualdade não se restringe ao mercado de trabalho, mas é neste em que se mostra mais latente: as mulheres têm taxa de participação no mercado de trabalho (proporção de pessoas que 16 a 59 anos) de 55%, muito inferior à dos homens, que em 2015 era de 78%, de acordo com a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad).
A probabilidade de encontrar emprego é menor para as mulheres, que possuem taxas de desocupação maiores que as dos homens, e a qualidade dos empregos também é pior, indicam pesquisas da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Uma vez empregadas, as mulheres brasileiras recebem, em média, 77% da remuneração dos homens, embora trabalhem, em média, 7,5 horas a mais por semana que os homens (53,6 horas semanais de trabalho), e mais de 90% realizam atividades domésticas, enquanto entre os homens 53% dedicam parte do seu tempo ao cuidado da casa.
A OIT estima que, caso as mulheres brasileiras participassem do mercado de trabalho nas mesmas condições dos homens, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceria até R$ 382 bilhões por ano, e a arrecadação fiscal poderia aumentar em até R$ 131 bilhões.
Em meio à severa crise econômica que o Brasil enfrenta, torna-se imprescindível discutir como inserir as mulheres na economia, não para o bem somente destas, mas de toda nossa sociedade.
Mariel Angeli Lopes – Economista do DIEESE e assessora da FITRATEL