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Dod do Bonito, um cidadão de lutas!

O mês de abril começou sem a menor graça. No domingo, dia 02, George Leal Diab partiu dos espaços deste mundo. Por conta de um traiçoeiro câncer, descoberto recentemente, nosso amigo Dod tomou destino rumo ao infinito.

Foi-se, assim tão de repente, o militante das muitas e justas causas. Em   não há quem não se recorde com carinho de George Leal Diab, o Dod do Bonito, da popular, do e de todos os temas e lutas de interesse comunitário.

Era assim o nosso Dod: um quixotesco cidadão cerratense, carioca de nascimento, sempre a postos, sempre disposto a enfrentar cata-ventos e redemoinhos a favor do que é de direito e justo, em defesa do “ e de suas culturas, de pé. ”

Em Brasília, Dod desembarcou bem jovem, aos 26 anos, para trabalhar no Banco Central. Ali, formou-se em jornalismo na Universidade de Brasília (UnB), tornou-se pianista e virou sócio do Mistura Fina, bar que marcou época na Asa Norte, na década de 1970.

A Formosa, chegou há uns 40 anos. Instalou-se na região do Bonito, onde fez de tudo um pouco: praticou agricultura e pecuária sustentáveis, organizou a comunidade, criou a Associação do Bonito e, por sete anos, promoveu com Terezinha, sua inseparável companheira, o inesquecível Encontro do Bonito de Culturas Populares, fortalecendo a cultura e o folclore da região.

Ao encantar-se em seus 70 anos, Dod nos deixa a sensação de que partiu antes do tempo. Para suas filhas, seus netos, seus filhos “adotivos” com Terezinha, seus companheiros e companheiras do Fórum do Meio Ambiente, do Partido dos Trabalhadores, da Associação do Bonito, da Folia da Roça, das festas populares de Goiás, de Minas e do , fica o íntegro exemplo de um grande militante. de um grande cidadão, de um grande brasileiro.

Em memória de Dod, haveremos de “seguir sonhando, seguir lutando”.

das Marias – Iêda, Sílvia, Lúcia, Martha e Zezé, suas amigas; de seus companheiros de lutas em Formosa, Goiás; da Clarissa, do Rodrigo, da Paloma, do Nilo, do Joe e do Ed; do Jaime e da equipe da Xapuri.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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