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Adolescente de Campinas cria biocanudo comestível à base de inhame

ADOLESCENTE DE CAMPINAS CRIA BIOCANUDO COMESTÍVEL

Por EPTV 1

A adolescente Maria Pennachin, de 16 anos, desenvolveu um canudo biodegradável à base de inhame no laboratório do Colégio Estadual Culto à Ciência, em Campinas (SP). Além de poder ser descartado na natureza sem causar prejuízos para a fauna e a flora, o biocanudo é maleável e até mesmo comestível.

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Aluna de Campinas (SP) desenvolve canudo biodegradável à base de inhame que é maleável e comestível. — Foto: Reprodução/EPTV

A proposta deu tão certo que a aluna vai apresentá-la em uma feira internacional em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, em setembro de 2019.

Ela conta que o projeto partiu da recente discussão sobre o descarte de canudos de plástico na natureza e a proibição de sua circulação. “Me despertou muito [o interesse] quando começou a aparecer essa problemática. Quando vem uma proibição, precisa de uma alternativa. Então eu mesma quis ir atrás dela”, relata Maria.

Em julho deste ano, a blogueira de Campinas Marina Batista Francisco questionou a proibição do uso dos canudos convencionais. Ela tem uma deficiência física que a impede, entre outras coisas, de levantar o copo para ingerir os alimentos.

“A gente usa o canudo de um jeito diferente. Não é só colocar na ponta da boca e já foi. O apoio que a gente faz é outro. A gente ajeita o canudo, fixa ele dentro, deixa ele encostar no céu da boca. E só quando a gente está seguro, a gente suga. E suga com cuidado, tentando não deixar ele mexer”, afirma a blogueira.

Inhame, vinagre e afins

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Aluna de Campinas (SP) decidiu usar inhame na base da composição do biocanudo após observá-lo sendo aplicado na culinária. — Foto: Reprodução/EPTV

O biocanudo não tem gosto de inhame nem de nenhum outro ingrediente que vai na sua “massa”. Além disso, ele não dissolve no líquido. Mesmo assim, Maria, que frequenta o 2º ano do Ensino Médio, tem outras ideias para melhorar seu produto.

“Quero investigar e ir mais além na firmeza: fazer uma linha vegana, porque a gelatina [um dos ingredientes na composição] não atenderia esse público, e fazer uma coisa mais interessante para o público infantil”, diz a aluna.

Progresso

Para chegar na atual fórmula, Maria realizou uma série de testes e contou com a orientação de duas professoras: Aloísa Morreto e Cláudia Caniati. Segundo a professora Aloísa, as disciplinas na escola que trabalham desenvolvimento de projetos são focadas no meio ambiente. “Esse ano, o tema sugerido foi a questão dos resíduos sólidos”, diz.

A aluna conta que, na fase de testes, usou diferentes ingredientes e, analisando os resultados, foi regulando a receita.

“Além do inhame, usei outros ingredientes nos testes. Inclusive coloquei vinagre. Nos que eu coloquei menos, teve o aparecimento do fungo. Fui regulando o tanto que precisava de cada ingrediente e obtive a massa final”, explica.

Maria diz que observava o inhame na culinária quando teve a ideia de aplicá-lo na área do bioplástico. “Eu já era uma consumidora e só de observar na cozinha a ‘baba’ que ele solta, achei interessante. Quando comecei a trabalhar com bioplástico, [pensei em] acrescentá-lo, por ser pouco explorado nessa área”, conta.

Conquistas

A primeira conquista do projeto foi o 1º lugar na edição deste ano da Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (Fenecit), na categoria meio ambiente. O ouro garantiu a Maria o credenciamento para representar o Brasil na feira dos Emirados Árabes.

“Nós estamos buscando patrocínio de quem possa colaborar e investir no projeto”, finaliza a professora Cláudia.

Fonte: G1

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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