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Feminismo: 10 Livros Para Quem Lê E Não Tem Preguiça De Pensar

Feminismo: 10 Livros Para Quem Lê E Não Tem Preguiça De Pensar

Feminismo: 10 Livros Para Quem Lê E Não Tem Preguiça De Pensar

Por: portalraizes

Biblioteca Pública de Nova York selecionou algumas obras fundamentais para refletir sobre as conquistas das e suas contribuições para a e sociedade. A seleção de Lynn Lobash, gerente do departamento de serviços ao leitor da Biblioteca, reúne “livros influentes da história do feminismo, essenciais para entender o movimento pelos direitos das mulheres”.

Quer compreender o que é de fato o feminismo? Logo abaixo da lista de livros, leia sobre a história, os tipos e os conceitos.  

1 – Sejamos todos feministas (2014), Chimamanda Ngozi Adichie

Chimamanda Ngozi Adichie ainda se lembra exatamente do dia em que a chamaram de feminista pela primeira vez. Foi durante uma discussão com seu amigo de Okoloma. “Não era um elogio. Percebi pelo tom da voz dele; era como se dissesse: ‘Você apoia o terrorismo!’”.

Apesar do tom de desaprovação de Okoloma, Adichie abraçou o termo e começou a se intitular uma “feminista feliz e africana que não odeia homens, e que gosta de usar batom e salto alto para si mesma, e não para os homens”.

Sejamos todos feministas é uma adaptação do discurso feito pela autora no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações e foi musicado por Beyoncé. Comprar aqui.

2 – Um Teto Todo Seu (1929), Virginia Woolf

Baseado em palestras proferidas por Virginia Woolf nas faculdades de Newham e Girton em 1928, o ensaio “Um Teto Todo Seu” é uma reflexão acerca das condições sociais da mulher e a sua influência na produção literária feminina. A escritora pontua em que medida a posição que a mulher ocupa na sociedade acarreta dificuldades para a expressão livre de seu pensamento. Comprar aqui.

3 – O Segundo Sexo (1949), Simone de Beauvoir

Em sua obra-prima, Simone de Beauvoir aborda os fatos e os mitos sobre a mulher numa reflexão ampla, analisando a condição da mulher em todas as suas dimensões: sexual, psicológica, social e política. Uma obra fundamental, que inaugurou um novo modelo de pensamento sobre a mulher na sociedade e consagrou Beauvoir na filosofia mundial. Comprar aqui.

4 – A Mística Feminina (1963), Betty Friedan

O lançou o movimento feminista contemporâneo, e, com isso, transformou permanentemente a tessitura social dos Estados Unidos e de muitos outros países. Com uma análise das questões que afetaram a vida das mulheres nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra Mundial, Betty Friedan elaborou uma das teorias mais lidas e questionadas do século 20. (Somente em PDF. Baixar aqui).

5 – A Mulher Eunuco (1970), Germaine Greer

A publicação de “A Mulher Eunuco” foi um evento marcante, que causou muita ira, mas também criou uma onda de reconhecimento de que a liberação sexual é a chave para a libertação das mulheres. Hoje, a abrasadora avaliação de Greer sobre as desigualdades enfrentadas pelas mulheres na sociedade é um dos mais importantes registros históricos feminista.Comprar aqui.

6 – Política Sexual (1970), Kate Millett

Considerado um clássico da feminista, o livro aborda a tese desenvolvida por Millett durante o doutorado, na de Colúmbia. Ele é dividido em três partes: a primeira sobre o aspecto político do sexo, a segunda sobre as relações sexuais tradicionais, e a terceira sobre o trabalho de autores representativos da época como D. H. Lawrence, Henry Miller, Norman Mailer e Jean Genet. (Somente em PDF. Baixar aqui).

7 – A Irmã Outsider (1984), Audre Lorde

Em quinze ensaios e discursos, Audre Lorde aborda questões variadas, como o sexismo, o racismo, o preconceito etário, a homofobia e o preconceito de classe. Além disso, a autora aponta as diferenças sociais entre os indivíduos como veículo de ação e mudança. Sua prosa é incisiva, inflexível e lírica, com duras críticas, mas, em última análise, oferecendo mensagens de esperança. (Em português somente encontramos textos escolhidos. Em PDF aqui).

8 – O Mito da Beleza (1990), Naomi Wolf

A jornalista Naomi Wolf afirma que o culto à beleza e à juventude da mulher é estimulado pelo patriarcado e atua como mecanismo de controle social para evitar que sejam cumpridos os ideais feministas de emancipação intelectual, sexual e econômica conquistados a partir dos anos 1970. A autora confronta a indústria da beleza, tocando em assuntos difíceis, como distúrbios alimentares e mentais, desenvolvimento da indústria da cirurgia plástica e da pornografia. Comprar aqui.

9 – Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade (1990), Judith Butler

Neste livro inspirador, que funda a Teoria Queer, Judith Butler apresenta uma crítica contundente a um dos principais fundamentos do movimento feminista: a identidade. Para Butler, não é possível que exista apenas uma identidade: ela deveria ser pensada no plural, e não no singular. Ou ainda, não é possível que haja a libertação da mulher, a menos que primeiro se subverta a identidade de mulher. Comprar aqui.

O Feminismo é Para Todo Mundo: Políticas Arrebatadoras (2000), bell hooks

O livro apresenta uma visão original sobre políticas feministas, direitos reprodutivos, beleza, luta de classes, feminismo global, trabalho, raça e gênero e o fim da . Além disso, esclarece sobre temas como feminista para uma consciência crítica, masculinidade feminista, maternagem e paternagem feministas, casamento e companheirismo libertadores, política sexual feminista, lesbianidade e feminismo, amor feminista, espiritualidade feminista e o feminismo visionário.Comprar aqui.

UMA BREVE HISTÓRIA DO FEMINISMO

Na França revolucionária de 1791, a dramaturga Olympe de Gouges organizou, junto de outras mulheres, uma resposta à Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, feita dois anos antes. A Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadãpedia direito ao voto e à propriedade e acesso às instituições políticas. De Gouges foi guilhotinada em 1793, sob o argumento de ter traído a natureza de seu sexo.

Nos séculos 18 e 19, as ideias sobre o direito ao voto ganharam força. Em 1897, a britânica Millicent Fawcett fundou a União Nacional pelo Sufrágio Feminino. A grande vitória veio em 1918, quando o voto feminino foi legalizado no Reino Unido. A vitória se deve, em boa parte, à participação ativa das mulheres na 1ª Guerra, ganhando mais respeito na sociedade. Um ano depois, os EUA seguiram o exemplo.

No Brasil, as mulheres só ganharam direito ao voto em 1932. Exatos cem anos depois da publicação do primeiro livro a tratar do assunto no pais:  Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens, da potiguar Nísia Floresta.

A partir da década de 1940, pautas como a legalização do aborto, o fim da violência sexual e o combate a papéis sociais impostos às mulheres, como ser mãe e dona de casa, entraram na agenda. A pílula anticoncepcional simbolizou o período, marcado pela maior pluralização dos discursos – não por acaso, nos anos 80, o feminismo negro, liderado por Angela Davis, ganhou força.

O feminismo contemporâneo começou na década de 1990. Alguns pontos se destacam, como o discurso pela propriedade do e as questões de gênero. Assim, o discurso do “meu corpo, minhas regras” abriu precedentes para o “meu corpo biológico não dita minha escolha de gênero”. O corpo é a questão central, e o que fazer com ele é uma escolha individual.

OS DIFERENTES TIPOS 

A internet propiciou o surgimento de ambientes muito mais amplos para os debates e disseminação de ideias. Com isso, surgiram diferentes interesses e vertentes dentro do feminismo contemporâneo. Nenhum deles quer acabar ou anular o outro: são propostas de caminhos diferentes para atingir o bem comum, a igualdade. Veja quais são eles.

Interseccional
Tem o debate mais pluralizado, pois busca aliar demandas de diferentes minorias. Segundo a americana Kimberlé Crenshaw, pesquisadora de estudos de gênero e raça, é “a visão de que mulheres experimentam a opressão em configurações variadas e em diferentes graus de intensidade. Exemplos: raça, gênero, classe, capacidades físicas/mentais e etnia.”

Liberal
O nome deriva das intenções econômicas e sociais. As liberais acreditam que igualdade de gênero só se atinge por meio de reformas políticas, legais e econômicas. Incorporar os homens ao movimento não só é permitido como é incentivado.

Negro
Surgiu na década de 1980 com o preceito de que a mulher negra é duplamente vítima, do machismo e do racismo. O movimento abarca pautas como a intolerância religiosa, o extermínio de jovens negras e negros e o academicismo feminista, que deixa o debate pouco acessível.

Radical
É o tipo mais complexo, cheio de diferentes correntes dentro de si. Conhecidas como radfem, elas se definem assim por se conectarem à raiz das questões (a palavra “radical” vem de “raiz”). Redistribuição de papéis socioeconômicos, exclusão de homens e transexuais do movimento e abolição da prostituição e da pornografia são algumas das lutas dessa vertente.

Socialista
O vilão a ser combatido é o capital, pois é ele que impede a igualdade de oportunidades. Para elas, o alimenta uma situação econômica em que as mulheres dependem economicamente dos homens, sempre mais inseridos na lógica do mercado.

BE-A-BÁ FEMINISTA

O ambiente digital popularizou verbetes que ajudam na compreensão das causas. Mas você sabe o que eles significam?

Bropriating
Apropriação de algo por um homem (do inglês “bro”, irmão + “appropriating”, apropriação). Usado quando um homem se apropria de uma
ideia levantada por uma mulher.

Empoderamento
Tomada de poder do indivíduo, o resgate de sua dignidade e o reconhecimento de sua importância. “Empoderar-se” é o ato de adquirir poder. Quando trazido para o âmbito feminista, é adquirir poder como mulher. O termo, um dos mais procurados no Google em 2016, foi criado pelo educador Paulo Freire, que se inspirou em empowerment (“fortalecimento”, em inglês).

Feminicídio
Crime de ódio contra mulheres e meninas em função do menosprezo à condição feminina. O termo jurídico, um agravante penal ao crime de homicídio, foi difundido pela escritora sul-africana Diana E.H. Russell (“femicide”, em inglês).

Gaslighting
Prática do homem que convence uma mulher de que ela não está com o domínio da razão (o famigerado “você está louca!”), algo comum em relacionamentos abusivos. O termo foi retirado do filme Gaslight (À Meia Luz, no Brasil), de 1944. Nele, um homem convence a esposa (Ingrid Bergman, que ganhou o Oscar pelo papel) de que ela está insana, para tomar sua fortuna.

Mansplaining
Prática de homens que se dedicam a explicar algo a mulheres de forma condescendente e sem serem solicitados. O termo, que vem de “man” + “explaining” (“explicando”), tem origem incerta. Alguns atribuem à escritora Rebecca Solnit, autora de Os Homens Explicam Tudo para Mim.

Manspreading
Do inglês “man” (“homem”) + “spreading” (“espalhando”), é o hábito de um homem que ocupa um espaço desproporcionalmente maior, com as pernas exageradamente abertas, em locais públicos, especialmente em meios de transporte. O termo surgiu em 2014 em um blog dos EUA. No mesmo ano, o metrô de Nova York passou a alertar os passageiros a fecharem as pernas.

Manterrupting
Do inglês “man” + “interrupting” (“interrompendo”). Ou seja, homens que interrompem. É um comportamento comum em reuniões, quando uma mulher tenta concluir um argumento e um homem a interrompe para explicar. Surgiu no artigo “How Not to Be ‘Manterrupted’ in Meetings”, publicado na revista Time em 2015.

Patriarcado
Modelo sociopolítico em que o gênero masculino e a heterossexualidade exercem supremacia e poder sobre os demais.

Objetificação
Reduzir uma pessoa à condição de coisa. Na sociedade patriarcal, é usado para tratar a mulher como objeto sexual, limitando-a aos seus atributos físicos.

Sororidade
União entre as mulheres, em que prevalece a ideia de respeitar, ouvir e dar voz a todas, mesmo quando não há concordância. Trata-se de estreitar os elos femininos e fortalecer a empatia para dar força e organização ao movimento. É o preceito básico da luta, pois ele parte de um ambiente feminino e feminista. Ele serve também para combater a ideia de que mulheres são rivais. O termo vem do latim soror, que significa “irmã”. Nos EUA, sororities são organizações sociais em universidades compostas só de mulheres. (Fonte)

Fonte: https://www.portalraizes.com/livros-feministas/

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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