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Florestas tropicais estão perdendo carbono, revela estudo

Florestas tropicais estão perdendo carbono, revela estudo

Por: IPAM

O aumento da degradação ambiental tem feito com que florestas tropicais não consigam mais contrabalançar as emissões de . Apesar de armazenarem grandes quantidades de carbono, as perdas têm sido maiores do que os ganhos. As florestas tropicais estão emitindo 861 milhões de toneladas de carbono e só conseguem absorver 436 milhões, o que representa cerca de 425 milhões de toneladas líquidas de carbono na atmosfera.

Os dados são de um estudo de pesquisadores do Woods Hole Research Center, parceiro do IPAM e da Universidade de Boston. O alerta evidencia a urgência de pararmos os processos de degradação e alcançarmos o zero na . Os autores, que também criaram um produto de sensoriamento remoto para a medição de emissões tanto pelo desmatamento quanto pela degradação, lembram que a América Latina é responsável por 60% das emissões contabilizadas.

“As florestas tropicais atuam como uma grande poupança de carbono.  Mas  a degradação florestal e o desmatamento acabam com esse ganho”, explica Paulo Brando, pesquisador do IPAM.  “Ou seja, se parássemos de degradar e derrubar florestas, a assimilação de carbono seria gigantesca, trazendo a balança para um equilíbrio positivo”.

Os resultados são fruto da análise de 12 anos de informações de satélite com pesquisa de campo. É a primeira vez que um com esse nível de detalhamento é publicado, especialmente ao identificar os níveis de degradação interno das florestas, muitas vezes escondido por uma superfície supostamente preservada.

Este processo – normalmente causado por incêndios, extração de madeira e secas prolongadas – é responsável por cerca de 70% das emissões, contra 30% do desmatamento. Uma magnitude que era até então desconhecida.

“Isso mostra que não podemos nos acomodar. A não está fazendo o que se imaginava que ela fazia. O volume de floresta não é mais suficiente para compensar as emissões”, disse o pesquisador Alessandro Baccini, um dos autores do estudo, ao jornal The Guardian. O único caminho, lembra, é restaurar as áreas degradadas.

Brasil pode ter recorde de incêndios em 2017

Nesse contexto, a realidade é preocupante. O Brasil já registrou, em 2017, mais de 204 mil focos de incêndio, quase metade deles (49%) na . Muito próximo do recorde de 270 mil focos registrado em 2004. Em 90% dos casos os incêndios começam por ação humana.

Os satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – o sistema de monitoramento de mais robusto do – mostram dezenas de unidades de afetadas ou destruídas pelo fogo. O Parque Nacional do Araguaia acaba de perder 320 mil hectares, área duas vezes maior que a cidade de e mais da metade da reserva, que tem 555 mil hectares de cerrado. O Parque Nacional do Xingu, também seriamente afetado, está em chamas há mais de 30 dias.

Estudos realizados na Fazenda Tanguro, no Mato Grosso, por pesquisadores do IPAM, mostram que se uma seca como a de 2010 ocorrer em meados do século, entre 2040 e 2069, cerca de 550.000 km2, uma área maior que a França, estará vulnerável a incêndios florestais intensos.

Um outro estudo mostrou que mudanças no uso da terra, juntamente com eventos climáticos extremos, tornam as florestas tropicais úmidas mais inflamáveis. Estes incêndios podem, no longo prazo, convertê-las em savanas derivadas – florestas degradadas pela ação humana, o que contribui para o aumento da emissão de carbono. O experimento aconteceu em uma área de 150 hectares na Tanguro dividida em: queimada anualmente entre 2004 e 2010 (exceto 2008), queimada trienalmente e área não queimada que serviu como controle.

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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