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Glifosato: Estudo indica que contato com o herbicida aumenta risco de câncer em 41%

Glifosato: Para quem tem contato com o herbicida, o risco de câncer aumenta 41%

Por CNN/Tradução de Joseph Weiss

Pesquisadores da Universidade de Washington avaliaram estudos existentes sobre essa substância química – encontrada em herbicidas, incluindo o popular Roundup da Monsanto – e concluíram que ela aumenta significativamente o risco de linfoma não-Hodgkin (LNH), um
câncer do sistema imunológico.

“Todas as metanálises realizadas até hoje, incluindo a nossa, relatam consistentemente o mesmo achado chave: a exposição a GBHs (herbicidas à base de glifosato) está associada a um aumento do risco de LNH”, escreveram os autores em um publicado no periódico Mutation Research.

As propriedades carcinogênicas em potencial do glifosato são objeto de amplos debates científicos. A Agência de dos EUA disse em um esboço de avaliação de risco de 2017 que o herbicida” não é provável que seja cancerígeno para os seres humanos”  enquanto a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar mantém uma postura semelhante.

A Bayer, que adquiriu a Monsanto em 2018, disse no mesmo ano que o glifosato é uma “ferramenta de controle de ervas daninhas segura e eficiente.” Em 2015, no entanto, a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer da Organização Mundial de classificou o glifosato como “provavelmente carcinogênico para humanos.”

Além disso, o produto químico desencadeou vários processos judiciais de pessoas que acreditam que a exposição ao herbicida causou o linfoma não-Hodgkin. Em 2017, a CNN informou que mais de 800 pessoas estavam processando a Monsanto; no ano seguinte, esse
número estava na casa dos milhares.

Um caso de grande repercussão contra a Monsanto foi o de Dewayne Johnson, ex-funcionário escolar diagnosticado com linfoma não-Hodgkin terminal em 2014. Em agosto de 2018, um juiz ordenou que a Monsanto pagasse a Johnson US$ 289 milhões por danos, um valor  posteriormente reduzido para aproximadamente US $ 78 milhões após a apelação da Monsanto.

Os autores do relatório, da Universidade de Washington, analisaram todos os estudos publicados sobre o impacto do glifosato em humanos. A coautora e doutoranda Rachel Shaffer disse em um comunicado. Esta pesquisa fornece a análise mais atualizada do glifosato e sua ligação com o linfoma não-Hodgkin, incorporando um estudo de 2018 de mais de 54.000 pessoas que trabalham como aplicadores licenciados de pesticidas. Os cientistas também avaliaram estudos em animais.

Concentrando-se em dados relativos a pessoas com a maior exposição ao herbicida, os pesquisadores concluíram que existe uma ligação convincente entre a exposição ao glifosato e um risco maior de desenvolvimento de linfoma não-Hodgkin. A autora sênior Lianne Sheppard, professora de bioestatística e ciências ambientais e de saúde ocupacional, diz  estar convencida das propriedades carcinogênicas do químico.

Em um comunicado, Bayer chamou a nova análise de manipulação estatística com graves falhas metodológicas,  acrescentando que  o estuado não fornece evidências cientificamente válidas que contrariem as conclusões do extenso corpo de ciência demonstrando que os herbicidas à base de glifosato não são carcinogênicos.”

Os autores do novo estudo reconheceram algumas limitações de sua análise, observando que apenas estavam disponíveis dados limitados. Além disso, eles escreveram, que estudos que eles avaliaram variaram quanto aos grupos de população, especificamente com respeito aos níveis de exposição de glifosato dos participantes diferiram entre relatórios.

Os estudos disponíveis também negligenciaram a avaliação do impacto do método de cultivo “green burndown”que considera os herbicidas com glifosato adicionados às lavouras antes de serem colhidos. O resíduo de glifosato provavelmente aumentou desde a introdução deste método em meados dos anos 2000, escreveram os pesquisadores.

Francis Martin, de biociência da Universidade Central de Lancashire, disse à CNN que recebeu com satisfação o relatório da Universidade de Washington. Ele chamou o debate sobre a segurança do glifosato como importante explicando que o glifosato é usado como um herbicida de uso geral, portanto haverá exposição na população em geral.

No entanto, ele observou que o relatório foi limitado pelo pequeno número de estudos existentes sobre o assunto, embora tenha enfatizado que os autores refletiram honestamente sobre as limitações das análises. “O relatório destaca a necessidade de novos estudos, bem desenhados e robustos em níveis de exposição adequada,” disse Martin, acrescentando: “O número de estudos robustos na literatura examinando esta questão é pateticamente pequeno.”

Glifosato soja argentina contraosagrotoxicos.orgImagem: contraosagrotoxicos.org

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

P.S. Você que nos lê pode fortalecer nossa Revista fazendo uma assinatura: www.xapuri.info/assine ou doando qualquer valor pelo PIX: contato@xapuri.info. Gratidão!

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