ITSÁRI: MÚSICA PARA VOCÊ

Itsári: pra você

Por: Hugo Heringer

De em tempos Itsári é entoado

O chamado é necessário a cura .. céu claro, as , o universo…

descem, tocam, curam e se vão.

Criam a conexão de mundos.

Em meados dos anos 90, essa gravação foi realizada …

junção tão respeitosa de crença e .

Parabéns a banda Sepultura pela sensibilidade e respeito ao ritual …

música pra você: Itsári de Sepultura

O álbum de 1996, “Roots”, trazia a música “Itsári” (Roots, ou , na Xavante), que foi gravada durante a estadia da banda com a tribo, como parte de uma cerimônia de cura.

Um pequeno número de Xavante inclusive viajaram para , para participar do concerto “Barulho Contra a “, de 1998, que marcou o início da turnê do grupo para seu próximo álbum, “Against” (como foi documentado pelo “Choke).

Quando perguntado sobre esta colaboração com a tribo, o baterista do SEPULTURA, Igor Cavalera, disse em uma entrevista de 1996: “Após o com os ‘Kaiowas’ no ‘Chaos AD’, nós pensamos que a única coisa que poderia ser melhor que isso, seria realmente gravar algo fora de controle com eles.”

“A maioria das pessoas brancas que iam lá estavam estudando ou fazendo pesquisa sobre a tribo, então eles não tinham relações com eles… então conosco, eles estavam realmente feliz de nos ter lá, porque nós não os tratávamos como aberrações… Foi somente música. A troca, sabe.
 
Nós não tínhamos compromisso com eles, o que para nós, era realmente importante. Não era como o STING, que vai à tribo e depois tenta fazer algo pela tribo, para salvar a tribo. Nada assim. Nós chegamos lá sem compromisso, só queríamos tocar nossa música e foi isso.”
 
Sobre como o SEPULTURA escolheu o   XAVANTE para colaborar, Igor disse: “Eu acho que o principal foi que nós não teríamos que falar com eles através do governo. O fato de nós termos escolhido os Xavante, foi porque era a nossa palavra e as palavras deles. Não tinha merda envolvida.”
 
Fonte: Hugo Heringer e whiplash.net

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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