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Livros são armas!

Livros são armas!
A sacralização da palavra impressa, com o correspondente fetiche pelos livros, é um fenômeno antigo, potencializado pela invenção da prensa mecânica no século XV. Antes, só os muito ricos possuíam livros, objetos raríssimos, copiados um a um a mão. A interpretação deles, então, era privilégio de homens muito poderosos. 
Por Antônio Carlos Queiroz 
No caso da Bíblia, esses caras se diziam capazes de desvendar a mente de Deus e, na condição de seus embaixadores plenipotenciários, impunham o domínio político sobre as massas ignaras e supersticiosas. Em vez de alguma Cidadã, exibiam as Escrituras Sacralizadas!
Livros sempre foram usados como armas. Na Europa da Idade Média, quando o continente ainda era disputado por mouros e , poucos conventos possuíam uma Bíblia completa. Surgiram então as “bíblias romanceadas”, mais concisas, paráfrases da Vulgata ou de paráfrases anteriores, como a Historia Scholastica de Petrus Manducator, muito mais eficientes do que a versão canônica na vulgarização da doutrina cristã e no combate aos infiéis islâmicos ou judeus.
Para redigir essas linhas andei folheando a primeira parte de um desses artefatos, o Pentateuco da Bíblia Medieval Portuguesa (@ Heitor Megale), provavelmente composto por volta de 1320, em galego, e foi muito divertido encontrar 15 menções de Jesu Christo logo no Gênesis. Algumas bíblias romanceadas mesclavam o Gênesis com o Apocalipse numa espécie de resumo executivo do Textão .
Ora, não foi à toa que o Karl Marx disse que as ideias tornam-se forças materiais quando ganham as massas organizadas. E é exatamente por essa razão que me preocupa o fetiche dos livros e a sacralização da palavra impressa, agora também digitalizada.
Atenção:  do Marx, A Pedagogia do Oprimido do , e a Areopagítica: Discurso Sobre a Liberdade de Expressão, do John Milton, são livros.
Livro, segundo o Houaiss, é (1) uma “coleção de folhas de papel, impressas ou não, reunidas em cadernos cujos dorsos são unidos por meio de cola, costura etc, formando um volume  que se recobre com capa resistente, e (2) obra de cunho literário, artístico, científico etc. que constitui um volume [Para fins de documentação, é  uma publicação não periódica com mais de 48 páginas, além de capa.]”
Também são livros, portanto, o Mein Kampf, do Adolf Hitler, O Imbecil Coletivo, do Olavo de Carvalho, e Contra a Maré Vermelha, de Rodrigo Constantino.
O grande Monteiro Lobato, criador da Emília, a pirralha mais genial do Brasil (cujo nome é uma à esposa do educador Anísio Teixeira),  decretou que “uma nação se faz com homens e livros”. Bobagem das grandes! Pra começo de conversa, uma nação se faz com homens e mulheres, sem discutir aqui os gêneros, né! E depois, como é fácil perceber, livros servem também como armas de destruição em massa…
Estão abertas as inscrições para o debate!
Antônio Carlos Queiroz – jornalista e bibliófilo. Capa: Biblia de Gutenberg (pesquisa de ACQ).


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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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