LULA DERRUBA VETO CONTRA HOMENAGEM A PESSOAS NEGRAS

derruba veto contra homenagem a pessoas negras vivas

Na última quarta-feira (5/4/23), a Fundação Palmares, por meio do governo Lula, revogou uma portaria emitida anteriormente pelo governo Bolsonaro que proibia homenagear figuras negras ainda vivas, restringindo as homenagens apenas a personalidades falecidas.

A nova medida, assinada pelo presidente da fundação, João Jorge Rodrigues, suspendeu essa proibição e estabeleceu a criação de um grupo de trabalho para propor um novo . Proibição anterior de homenagear figuras ainda vivas resultou na retirada de homenagens a 27 personalidades.

Por Pretas e Pretos no Poder

A restrição anterior resultou na retirada de homenagens a 27 personalidades, incluindo a escritora , os cantores Gilberto Gil e Martinho da Vila, bem como a atual Ministra do Meio Ambiente, Marina .

Essa medida foi amplamente criticada por ativistas e políticos, que a consideraram uma forma de perseguição.

Durante seu mandato como presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo frequentemente atacou movimentos negros.

Antes de assumir a posição, ele publicou em suas redes sociais que a escravidão havia sido benéfica para os descendentes dos escravizados.

Pelo contrário, o regime escravagista é o responsável pela origem das desigualdades sociais entre negros e brancos ainda presentes no .

O atual presidente da Fundação, João Jorge Rodrigues, disse que a revogação dessa portaria simboliza respeito à sociedade brasileira.

“É um passo enorme, gigante pra sociedade brasileira, pro , pro movimento social de ter seus personagens reconhecidos pela Fundação Palmares, cujo objetivo principal é preservar a cultura e a memória afro-brasileira.

E satisfaz uma demanda que estava reprimida, que é de ter nomes importantes, como Martinho da Vila, Leci Brandão, Benedita (da Silva), Gilberto Gil, a própria ministra Margareth Menezes, em um panteão de personalidades que contribuíram com o Brasil”.

O texto com a revogação cria ainda um grupo de trabalho que vai analisar a inclusão de novos homenageados e a recolocação das personalidades que foram retiradas da lista.

Fonte: Mídia Ninja

 
LULA DERRUBA VETO A HOMENAGEM A PESSOAS NEGRAS VIVAS
João Jorge Rodrigues. Foto: Fundação Palmares.

João Jorge  

João Jorge Rodrigues é fundador e diretor do bloco afro carnavalesco Olodum, de Salvador, na , que completou na terça-feira (25), 44 anos de existência. 

O novo presidente da fundação é militante do movimento negro, no Brasil. O advogado João Jorge, graduado em Direito pela Universidade Católica do Salvador (2001) e com mestrado em Direito pela Universidade de Brasília (2005) tem atuação marcada na área de Direito Constitucional, em temas como , para afrodescendentes, e cultura negra 

João Jorge foi membro do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) até 2016, quando o colegiado foi extinto.

Recentemente, João foi escolhido como membro consultor da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra, criada em 2016 pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) para fazer o resgate histórico do período escravocrata brasileiro e para discutir formas de reparação aos negros. 

LULA DERRUBA VETO A HOMENAGEM A PESSOAS NEGRAS VIVAS
Fundação Cultural Palmares

Fundação Cultural Palmares

A Fundação Cultural Palmares é uma fundação federal brasileira de promoção da afro-brasilidade.
A fundação é uma entidade pública brasileira vinculada ao Ministério da Cultura, instituída pela Lei Federal nº 7.668, de 22 de agosto de 1988.
No artigo 1º, da Lei que a instituiu, lê-se:

(…) promover a preservação dos valores culturais, sociais e econômicos decorrentes da influência negra na formação da sociedade brasileira.

A entidade teve seu Estatuto aprovado pelo Decreto nº 418, de 10 de janeiro de 1992, e tem como missão os preceitos constitucionais de reforços à cidadania, à identidade, à ação e à memória dos segmentos étnicos dos grupos formadores da sociedade brasileira, além de fomentar o direito de acesso à cultura e à indispensável ação do Estado na preservação das manifestações afro-brasileiras.
O artigo 215 da Constituição Federal de 1988 assegura que o “Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais populares, indígenas e afro-brasileiras, e de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional”.
Desde 2005 porta a insígnia da Ordem de Rio Branco, concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
 

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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