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Lula e transposição do Velho Chico

Lula e transposição do Velho Chico

Lula e transposição do Velho Chico: Nós vamos desfazer cada maldade que fizeram com o

“A oportunidade que me foi dada pelo brasileiro de governar este país fez de mim um homem feliz. Vocês nem imaginam a alegria que eu sentia quando assinava um decreto para beneficiar milhares ou milhões de pessoas, ou quando eu visitava uma obra, ou inaugurava uma , uma técnica, uma refinaria ou um conjunto habitacional do Minha Casa, Minha Vida. Porque eu sabia que cada um desses atos, por mais simples que fosse, estava contribuindo para a construção de um melhor e mais justo.

Poucas coisas na vida me fizeram tão feliz quanto tirar do papel um sonho de muitas gerações, e tornar realidade a transposição do São Francisco. Uma das melhores lembranças que tenho é a da inauguração popular que fizemos em 2017, aí em Monteiro, com a presença da ex-presidenta Dilma, do ex-governador Ricardo Coutinho e de muitos de vocês que aí estão de novo, desta vez protestando e exigindo de volta aquela alegria que estão roubando de nós.

Ver a criançada mergulhando, o povo dançando e bebendo daquela água que o sertanejo esperava desde a época do império, nada disso tem preço. Não há dinheiro no mundo que pague os abraços que naquele dia eu recebi de tanta gente molhada de suor do seu e encharcada das águas do São Francisco.

Tenho certeza que aquelas cenas que vivemos, e que estarão guardadas para sempre na minha memória, foram vistas com ódio pelos nossos adversários e hão de ter contribuído para que eu fosse preso, sem nenhum crime cometido. Eu imagino a elite deste país vendo aquela felicidade toda e dizendo: Temos que prender esse Lula, se não ele vai ser presidente outra vez, e a gente não vai mais poder tirar dinheiro do trabalhador e entregar pro mercado financeiro.

Por isso me prenderam, e querem a todo custo impedir que o povo volte a governar este país. É por isso que estão tentando destruir tudo que fizemos. Estão queimando a Amazônia, que defendemos como nenhum outro governo. Estão desmontando a construção civil, que gerou milhões de empregos. Estão entregando o Pré-Sal, cujos recursos iriam para a saúde e a . Estão sufocando as universidades, porque elas geram conhecimento e porque estão agora ocupadas pelas filhas e pelos filhos do povo trabalhador.

E é por isso que eles não querem as águas do São Francisco correndo pelo . Porque não querem o povo feliz, produzindo, conquistando a sua autonomia.

Naquele dia, em 2017, eu disse: Nunca quis tirar nada do Sul ou de . O que eu quero é que o povo nordestino seja tratado em igualdade de condições. Aqui tem que ter universidade, tem que ter indústria, tem que ter escola técnica, tem que ter mestres e doutores, tem que ter criança de barriga cheia.

Pois eu continuo querendo, e estou certo de que nós vamos desfazer cada maldade que fizeram com o Nordeste e com o Brasil. Hoje eu só posso estar com vocês em pensamento, mas muito em breve estarei aí em carne e osso, molhando o e a alma nas águas abençoadas do Velho Chico.

Um grande abraço!

Luiz Inácio Lula da Silva”

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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