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Lula: Surgem milhares de Marielles

Lula: Surgem milhares de Marielles. Não existe possibilidade fora da luta!

Durante evento em na noite desta sexta-feira, 16 de março de 2018, para o lançamento de seu “A verdade vencerá: o sabe por que me condenam”, (Editora Boitempo), o ex-presidente voltou a comentar a execução da vereadora Marielle Castro (PSOL), do Rio de Janeiro. “A morte daquela companheira fez com que surgisse milhares e milhares de Marielles. Não existe possibilidade fora da luta!”, disse .

Marielle levou quatro tiros na cabeça e o carro onde ela estava foi alvo de 13 disparos no total. O motorista que trabalhava para a vereadora, Anderson Gomes, também morreu e uma assessora sobreviveu.

 

No discurso, Lula também falou sobre seu julgamento, voltou a ressaltar ser inocente e disse que “eles mentiram”, em referência aos investigadores da Lava Jato. “O objetivo da Lava Jato é execrar e condenar a pessoa antes do julgamento. Vem desde o mensalão com a teoria do domínio de fato”, afirmou.

O livro conta com a colaboração de Luis Fernando Verissimo, Juca Kfouri, Inês Nassif, Eric Nepomuceno, Luiz Felipe de Alencastro, Gilberto Maringoni, Luis Felipe Miguel, Camilo Vannuchi, Mauro Lopes, Ivana Jinkings e Rafael Valim.

Sobre a elaboração da publicação, que traz uma longa entrevista com Lula, além de outros textos sobre o cenário atual, o ex-presidente declarou: “o que está nesse livro é exatamente a minha verdade. Tô na luta é tô tranquilo!”.

“Quando saí da presidência pensei em escrever uma biografia. Chamei o Fernando de Morais e pedi pra ele escrever um relato do meu governo. Mas já tinha um da Denise Paraná contando até 1980. E eu não queria deixar esse hiato em branco”, relatou.

“O Fernando Morais tá escrevendo faz cinco anos e toda vez que pergunto pra ele do livro ele fala: ‘tá pronto, só falta escrever’. Porque o é implacável. Éramos em oito irmãos, já somos só cinco. Eu acho que o Vavá vai na minha frente. Pelo menos ele não vai chorar por minha causa… Enfim, acho que o Fernando Morais tá escrevendo. Daí apareceu a Ivana e me propõe de escrever esse livro”, disse ainda, aos risos.

Fonte desta matéria: Brasil 247

Cartaz de capa: Twitter

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UMA REVISTA PRA CHAMAR DE NOSSA

Era novembro de 2014. Primeiro fim de semana. Plena campanha da Dilma. Fim de tarde na RPPN dele, a Linda Serra dos Topázios. Jaime e eu começamos a conversar sobre a falta que fazia termos acesso a um veículo independente e democrático de informação.

Resolvemos fundar o nosso. Um espaço não comercial, de resistência. Mais um trabalho de militância, voluntário, por suposto. Jaime propôs um jornal; eu, uma revista. O nome eu escolhi (ele queria Bacurau). Dividimos as tarefas. A capa ficou com ele, a linha editorial também.

Correr atrás da grana ficou por minha conta. A paleta de cores, depois de larga prosa, Jaime fechou questão – “nossas cores vão ser o vermelho e o amarelo, porque revista tem que ter cor de luta, cor vibrante” (eu queria verde-floresta). Na paz, acabei enfiando um branco.

Fizemos a primeira edição da Xapuri lá mesmo, na Reserva, em uma noite. Optamos por centrar na pauta socioambiental. Nossa primeira capa foi sobre os povos indígenas isolados do Acre: ‘Isolados, Bravos, Livres: Um Brasil Indígena por Conhecer”. Depois de tudo pronto, Jaime inventou de fazer uma outra boneca, “porque toda revista tem que ter número zero”.

Dessa vez finquei pé, ficamos com a capa indígena. Voltei pra Brasília com a boneca praticamente pronta e com a missão de dar um jeito de imprimir. Nos dias seguintes, o Jaime veio pra Formosa, pra convencer minha irmã Lúcia a revisar a revista, “de grátis”. Com a primeira revista impressa, a próxima tarefa foi montar o Conselho Editorial.

Jaime fez questão de visitar, explicar o projeto e convidar pessoalmente cada conselheiro e cada conselheira (até a doença agravar, nos seus últimos meses de vida, nunca abriu mão dessa tarefa). Daqui rumamos pra Goiânia, para convidar o arqueólogo Altair Sales Barbosa, nosso primeiro conselheiro. “O mais sabido de nóis,” segundo o Jaime.

Trilhamos uma linda jornada. Em 80 meses, Jaime fez questão de decidir, mensalmente, o tema da capa e, quase sempre, escrever ele mesmo. Às vezes, ligava pra falar da ótima ideia que teve, às vezes sumia e, no dia certo, lá vinha o texto pronto, impecável.

Na sexta-feira, 9 de julho, quando preparávamos a Xapuri 81, pela primeira vez em sete anos, ele me pediu para cuidar de tudo. Foi uma conversa triste, ele estava agoniado com os rumos da doença e com a tragédia que o Brasil enfrentava. Não falamos em morte, mas eu sabia que era o fim.

Hoje, cá estamos nós, sem as capas do Jaime, sem as pautas do Jaime, sem o linguajar do Jaime, sem o jaimês da Xapuri, mas na labuta, firmes na resistência. Mês sim, mês sim de novo, como você sonhava, Jaiminho, carcamos porva e, enfim, chegamos à nossa edição número 100. E, depois da Xapuri 100, como era desejo seu, a gente segue esperneando.

Fica tranquilo, camarada, que por aqui tá tudo direitim.

Zezé Weiss

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